Os tempos que vivemos exigem de nós, gestores públicos, mudanças de atitudes e práticas. Não há mais espaço na política para quem só quer atrapalhar, impedir, destruir. Precisamos de políticos dispostos a abrir mão de questões eleitoreiras, populistas e demagógicas, e que pensem, acima de tudo, no interesse público.

Promover reformas estruturantes e lutar pelos desejos dos cidadãos gera um grande desgaste. Mas deve ser feito pelo bem comum e para mudar a vida real nos municípios. O verdadeiro gestor público tem de saber que muitas vezes o sim para grupos de pressão e corporações é um não para a maioria silenciosa que enfrenta as dificuldades do dia a dia em nossas cidades.

A reforma da previdência vem nesse contexto. Mesmo que haja muito debate, dúvidas, mudanças ao longo do processo legislativo, a propositura desse projeto técnico, de fôlego e em tão pouco tempo merece reconhecimento e apoio. A previdência precisa de reforma. Isso é inegável! Dos 325 Regimes Próprios de Previdência do Rio Grande do Sul, 294 são deficitários.

Nós estamos fazendo o que nos cabe aqui em Porto Alegre. Mesmo com muita resistência, conseguimos aumentar a contribuição previdenciária para 14%. E não foi fácil. Só Gravataí fez o mesmo. É justamente o que está na proposta federal. No RS, apenas Porto Alegre e Não Me Toque aprovaram o regime de previdência complementar, agora também proposta, como obrigatória, pelo governo Bolsonaro.

Mesmo assim, a projeção de déficit previdenciário para 2019 em Porto Alegre é de mais de R$ 1 bilhão. Recurso que será utilizado apenas por 15 mil inativos. Para efeito de comparação, em 2018 investimos somente R$ 3 milhões com recursos próprios, que beneficiaram 1,5 milhão de pessoas em Porto Alegre.

Reformas dos governos eleitos, federal e estadual, são importantes, necessárias e nos ajudam. Mas não são suficientes. Precisamos continuar fazendo a nossa parte. Para isso, é fundamental a união de esforços de todas as esferas estatais, de todos os poderes e da sociedade.

Gustavo Bohrer Paim
Prefeito em exercício de Porto Alegre

* Artigo originalmente publicado no jornal Zero Hora de 25 de fevereiro