Por mais que a cidade de São Paulo seja quase 10 vezes mais populosa do que Porto Alegre, a revisão dos planos diretores de ambas reforça como o processo em nossa Capital tem sido democrático. Ao todo, 4,9 mil participantes discutiram o projeto nesses encontros, mais do que na metrópole paulistana. Já foram realizados quase 30 eventos nas regiões de planejamento, além de mais de 140 reuniões de grupos de trabalho.

Assim, a revisão do plano Direto de Porto Alegre está surgindo a partir de duas leituras: uma comunitária e outra técnica. A primeira busca ouvir os desafios, as demandas e os desejos de quem vive na cidade. E a segunda congrega a expertise da prefeitura com as melhores práticas internacionais de planejamento, economia urbana e ESG.

Ocorre que esses dois pontos de vista precisam convergir. E, infelizmente, nem sempre isso ocorreu em nossa cidade, levando a decisões equivocadas que comprometeram seu progresso por décadas. Com a revisão do plano, buscamos modificar a lógica burocrática de que tudo precisa estar na lei. Há regras demais para efeitos de menos - muitos, aliás, negativos. Em uma cidade conectada e moderna, isso não faz mais sentido: é preciso um planejamento urbano que dê suporte para a tomada de decisão dos gestores públicos e garanta o dinamismo necessário para um espaço urbano. Tudo pensado a partir do caso concreto da Capital: nossas potencialidades, nossos problemas e nossa visão para o amanhã.

Essa transformação mexe com zonas de conforto e interesses, o que gera descontentamento de determinados segmentos. No entanto, o plano diretor precisa dar voz à grande maioria de pessoas que desejam viver suas vidas em uma cidade plena de oportunidades, com desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental. Muito mais do que uma lei, precisamos estabelecer um pacto que prepare nossa cidade para o futuro.

Germano Bremm - Secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade

Artigo publicado em 13 de setembro no jornal Zero Hora