Filme sobre Lupicínio Rodrigues tem pré-estreia na Cinemateca Capitólio
Porto Alegre recebe a pré-estreia do filme sobre um dos nomes mais célebres da cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil. Lupicínio Rodrigues: Confissões de um sofredor terá sessão para convidados nesta quinta-feira, 15, às 19h, na Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085). Serão disponibilizados 50 ingressos para o público em geral, que podem ser retirados na bilheteria da Cinemateca Capitólio a partir das 18h30.
O longa tem direção de Alfredo Manevy e foi realizado numa coprodução Plural Filmes e Canal Curta! O documentário, que é o primeiro longa do diretor, resgata o legado musical e evidencia a contribuição artística e o contexto histórico/social do grande compositor, cujas músicas de sucesso ultrapassam gerações e foram interpretadas por alguns dos maiores nomes da Música Popular Brasileira. Lupi teve influências do samba e do tango, mas, versátil, passeou por diversos outros estilos em suas composições.
Em 92 minutos, o longa exibe vasto material de arquivos de jornais, entrevistas em programas de TV do próprio Lupicínio, além de personalidades e artistas que falam sobre a sua obra. Ícones da Tropicália (importante movimento cultural, na década de 1960), Caetano Veloso e Gilberto Gil eram fãs de Lupicínio e estão nas imagens históricas do filme, que registra encontro entre os três em Porto Alegre. A narração é de Paulo César Pereio.
Outra presença marcante no documentário é a de Elza Soares, que gravou Se Acaso Você Chegasse – a canção havia sido gravada inicialmente por Ciro Monteiro e foi o primeiro grande sucesso de Lupicínio. A composição chegou a ser trilha de Dançarina Loura, musical de Hollywood, e indicada ao Oscar em 1945. Porém, além de não ter sido consultado sobre a utilização da sua música, ele também não recebeu direitos autorais.
Ancestralidade negra - Entre as histórias da vida de Lupicínio, retratadas no filme, está a discriminação racial, que sofreu em Porto Alegre. Foi num bar, vazio, onde o compositor estava com um amigo e deixou de ser atendido por causa da cor de sua pele. Mas, para além desse episódio, o filme se propõe a levantar questões de fundo relacionadas com o racismo.
Para esse propósito, a equipe de Manevy contou com o Grupo de Estudos sobre o Pós-Abolição (Gepa), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O grupo atuou na assessoria histórica do filme com uma equipe de nove pesquisadores/historiadores gaúchos que possuem uma abordagem crítica sobre a história da escravidão e liberdade no Estado.
Cristiano Vieira