Prefeitura entrega ambulatório trans no Centro de Saúde Modelo
O primeiro ambulatório para atendimento de saúde integral de homens e mulheres trans e travestis da Prefeitura de Porto Alegre começa a funcionar nesta quarta-feira, 7, no 2º andar do Centro de Saúde Modelo (Rua Jerônimo de Ornellas, 55, bairro Santana).
O serviço oferecerá atendimento às quartas-feiras, das 17h30 às 21h30 para residentes de Porto Alegre e o agendamento das consultas pode ser feito pelo WhatsApp (51) 9938-3572, ou por demanda espontânea. O Ambulatório Trans será atendido por dois médicos residentes e um grupo de residentes multiprofissionais – enfermeiro, assistente social, biomédico, médico sanitarista e farmacêutico.
O local disponibilizará atendimento integral – consulta, exames, hormonização, roda de conversa, acolhimento e encaminhamento para atendimento psicoterapêutico e para cirurgia de redesignação de sexo ou adequações corporais do Programa Transdisciplinar de Identidade de Gênero do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Protig). “A expectativa inicial é oferecer 80 atendimentos mensais, sendo que a primeira consulta terá duração média entre 30 e 40 minutos”, explica a assessoria técnica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Simone Ávila.
Simone explica que o ambulatório trans é uma das ações previstas na Política Municipal de Saúde Integral LGBTQI+, lançada pela SMS em 28 de junho. “O ambulatório é uma demanda antiga do movimento social, que desde 2012 pleiteia atendimento psicoterapêutico e oferta de hormonização na rede municipal”, esclarece. A coordenadora da SMS ressalta ainda que o serviço está em consonância com a política e portaria nacional e tem como embasamento as experiências desenvolvidas em Florianópolis/SC e no Uruguai. “A perspectiva do Ambulatório é de atendimento das pessoas trans e das travestis sem patologização”, resume Simone.
Um dos profissionais que atenderá no ambulatório, o médico residente do Programa de Residência de Medicina de Família e Comunidade da SMS Vinícius Vicari explica que a expectativa é de que o serviço propicie visibilidade às pessoas trans e travestis e a suas demandas de saúde. Vicari traz para a prática o resultado da pesquisa de mestrado concluído em julho, que abordou o atendimento a pessoas trans em um centro de referência de saúde em uma cidade do sul do Brasil – não identificada no estudo para não expor profissionais e respondentes do estudo. A perspectiva do atendimento tem como conceito a saúde integral considerando princípios do SUS como universalidade e equidade. “Queremos que o Ambulatório T represente uma possibilidade de acesso à rede e fomente a autonomia dessas pessoas”, resume o médico.
Para a médica e diretora adjunta da Atenção Primária em Saúde da SMS, Diane Nascimento, o ambulatório atende à demanda social e é um objetivo antigo da gestão. “Pessoas trans e travestis passam a contar com um local de referência para atendimento integral, seja para um caso de resfriado até às necessidades de hormonização, em local geograficamente estratégico e de grande circulação de pessoas como o Centro de Saúde Modelo”, enfatiza.
A iniciativa foi bem recebida entre o público-alvo do atendimento. Todas as consultas para agosto foram preenchidas e o agendamento para setembro já está disponível.
Taís Dimer Dihl