Centro de Referência da Mulher atende vítimas de violência por agendamento

02/03/2021 14:36
Alex Rocha/PMPA
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ESPORTE
Centro viabiliza o acesso a serviços, programas e recursos a mulheres que sofrem violência

O Centro de Referência da Mulher - Marcia Calixto (Cram), ponto de acolhimento e ajuda para as mulheres vítimas de violência, segue atendendo durante a pandemia, mas por agendamento, pelo telefone 3289-5110. O local funciona das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h30, na rua Andradas, 1643, 3° andar. 

O atendimento pode ser jurídico, assistencial e/ou psicológico, em uma ou mais sessões. É individual, gratuito e totalmente sigiloso. É necessário apresentar documento de identificação com foto, para fazer o cadastro. Em fevereiro, o local atendeu 120 mulheres. 

Em alguns casos, é aberto um processo e encaminhado à delegacia da mulher. “O Centro tem um papel estratégico, de articulador da rede de atendimento, viabilizando o acesso a serviços, programas e recursos a mulheres que sofrem violência. Além da abordagem de proteção à mulher após a situação de violência, também tem a incumbência de desenvolver ações de prevenção e atividades de sensibilização/formação para profissionais de outros serviços”, informa a diretora interina dos Direitos Humanos, Márcia Chaves Moreira.

Vinculado à Coordenadoria da Mulher da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), o Cram faz parte da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, sendo voltado para a questão específica da situação de violência de gênero. É um serviço que oferece acesso facilitado, realizado por uma equipe multiprofissional que presta acolhimento, orientações, encaminhamentos e acompanhamento. “ É importante destacar que os dados oriundos do Cram são essenciais pra subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas à prevenção e ao enfrentamento à violência contra a mulher”, destaca Márcia.

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública indicam que, desde janeiro deste ano, 2.069 mulheres sofreram algum tipo de violência e foram registrados 10 feminicídios. Só em Porto Alegre, foram 588 mulheres agredidas. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a melhor forma de conter a propagação da Covid-19, a permanência em casa pode potencializar fatores que contribuem para o aumento da violência contra as mulheres. Segundo a organização, os casos de feminicídio cresceram 22,2% entre março e abril do ano de 2020, em 12 estados do país, comparativamente ao ano de 2019.

A diretora chama a atenção para o posicionamento das pessoas diante do conhecimento de mulheres agredidas. “Um dos pontos fundamentais é compreender que a violência contra a mulher é assunto do interesse de todos e desconstruir aquela noção que a trata como uma questão unicamente da esfera privada. Coloque-se à disposição, ouça. Faz toda a diferença uma escuta qualificada, acolhedora, livre de julgamentos, além do cuidado para não culpabilizar a vítima, que na maioria dos casos traz o sentimento de culpa”, complementa.

Um estudo da psicóloga Luísa Souza Erthal Santos, acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo por base a teoria da motivação humana do psicólogo americano Abraham Maslow, conclui que a pandemia de Covid-19 dificulta o alcance das necessidades humanas de Maslow por parte das mulheres vítimas de violência de gênero: fisiológicas, de segurança, afeto, estima e autorrealização. Assim, provavelmente não conseguem ter suas necessidades básicas atendidas, bem como têm seus relacionamentos afetados.

Em 1º de junho de 2020, foi publicado o documento “Violência Doméstica durante a Pandemia de Covid-19”, pautado em dados coletados pelos órgãos de segurança dos estados brasileiros e produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A publicação destaca que, entre os fatores adicionais que as vítimas precisam transpor para denunciar o agressor, estão a queda da renda mensal e o desemprego, os quais atrapalham a mulher na hora em que cogita sair de casa.

A falta de segurança que enfrentam as mulheres vítimas de violência de gênero perpassa a insegurança no lar e a instabilidade financeira. “É importante oferecer apoio e respeitar as decisões dela naquele determinado momento. Informe sobre a existência de serviços voltados para atendê-la, lembrando que, além da delegacia, ela pode ser atendida no Cram, que certamente auxiliará no reconhecimento da violência, na avaliação dos riscos e na tomada de decisões”, conclui a diretora interina dos Direitos Humanos.

Telefones importantes: 

Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher

Delegacia da mulher de Porto Alegre: (51) 3288-2673 ou (51) 3288-2173

Centro de Referencia de Atendimento à Mulher Vitima de Violência – CRAM Márcia Calixto: (51) 3289-5110

Defensoria pública (Núcleo Especializado de Atendimento às Mulheres Vitimas de Violência Doméstica e Familiar): (51) 3225-0777

 

Maria Emília Portella

Elisandra Borba