Alunos da Ana Íris buscam apoio para lançar livro
Alunos das turmas de 3º ano (8 e 9 anos, em média) da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Íris do Amaral, no bairro Protásio Alves, desenvolveram um projeto de valorização das lições que vêm dos ancestrais. O trabalho chamado “A voz dos avós: a ancestralidade em mim, em ti e em nós” envolve cerca de cem alunos do turno integral. O projeto incentiva a conhecer os antepassados e o que eles têm a ensinar.
Para que o trabalho seja concluído, a escola está pedindo o apoio da comunidade, por meio de uma vaquinha on-line. São necessários R$ 15 mil para a publicação e lançamento do livro referente ao projeto, totalmente produzido e ilustrado pelos alunos da Ana Íris e da escola estadual indígena Nhamandu Nhemopu'ã, que também integra a iniciativa. De acordo com Ana Cristina Motta e Daniela Kanitz, além da editoração do livro, os recursos arrecadados irão custear as despesas de deslocamento e a confecção de camisetas aos alunos para a sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro, na Praça da Alfândega. O tema do livro será “Ancestralidade: o ouvir e aprender com os mais Velhos”, e a expectativa é lançá-lo no dia 17 de novembro, na Feira do Livro. Clique aqui para contribuir.
A turma iniciou os estudos sobre os conhecimentos ancestrais a partir de pesquisas a respeito da cultura dos povos originários, os indígenas, o que se estendeu por todo o primeiro semestre do ano, com leituras sobre contos. Em abril, o grupo realizou uma saída de campo pedagógica, e as crianças puderam conhecer a aldeia Tekoa Pindo Mirim, em Itapuã, Viamão, a reserva onde se localiza a escola, a 40 quilômetros de Porto Alegre, onde participaram da Semana Cultural da escola. Também mergulharam na leitura de contos indígenas do professor e escritor Daniel Mundukuru, nascido no Pará, pertencente à etnia indígena Munduruku, e referência na área da literatura.
“Ao estudarmos os povos originários, descobrimos o quanto os avós são valorizados e importantes nas comunidades indígenas. Temos muito de nossos pais e avós em nossas vidas. Há ancestralidade em fatos cotidianos que não valorizamos. A importância desse projeto é de trazer essas aprendizagens e significá-las”, explica a professora Ana Cristina Motta, que divide a autoria do projeto com a professora Daniela Kanitz.
Seguindo na investigação, na segunda etapa do trabalho, que ainda está acontecendo, as turmas partiram para o estudo da própria ancestralidade e trouxeram os avós para dentro da escola. Primeiro, foi oferecido um chá aos convidados. Após, foi aberta uma agenda e, semanalmente, avôs e avós das crianças fazem oficinas diversas e ensinam às crianças receitas, brinquedos, brincadeiras e artesanatos.
Respeito e cidadania – Segundo as professoras, o tema cidadania está sendo amplamente trabalhado no projeto, tanto em relação à interculturalidade, buscando reflexões sobre as diferenças culturais, como também a intergeracionalidade, valorizando as aprendizagens e os conhecimentos dos idosos na sociedade. Outro aspecto enfatizado foi a questão do respeito e valorização das diferentes culturas. “O respeito ao conhecimento dos mais velhos é observado com o desenvolvimento deste projeto. Quando conhecemos culturas diferentes, aprendemos a respeitar. Assim, desconstruímos o preconceito e valorizamos os conhecimentos ancestrais”, completa a professora Daniela Kanitz.
Ideb – A Emef Ana Íris do Amaral é a escola da rede municipal com o maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. Na última avaliação referente aos anos iniciais (5º ano), a escola alcançou a nota 6,3, superando a média nacional. A escola saiu da nota de 5,1 na avaliação de 2015 para 6,3 em 2017, sendo que meta do país é de 6 para essa etapa. A Ana Íris tem 420 alunos e 42 professores.
Fabiana Kloeckner