Crianças trabalham sua autonomia com materiais não estruturados

19/10/2018 15:40
Manoelle Duarte/SMED PMPA
EDUCAÇÃO
Objetos permitem que a criança construa novas possibilidades conforme a sua criatividade

Na infância, as crianças criam vivências a partir de suas brincadeiras. Com o objetivo de proporcionar momentos de autonomia para os pequenos, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Santo Expedito, no bairro Rubem Berta, trabalha com os chamados materiais não estruturados, elementos ou objetos que não apresentam de imediato uma intenção pré-determinada. A proposta está em seu segundo ano de aplicação.

A vantagem dos materiais não estruturados é proporcionar uma infinidade de possibilidades. Diferente dos brinquedos fabricados, esses objetos permitem que a criança construa novas possibilidades de acordo com sua criatividade. Portanto, carretéis viram carrinhos, blocos de madeira transformam-se em casas e canos servem como estradas. Além disso, materiais da natureza são utilizados, como sementes, pinhas e conchas.

Segundo a professora do Jardim A, Michelle Dutra, a proposta aumenta o repertório narrativo de seus alunos. “A imaginação deles é estimulada. Eles criam suas próprias histórias e cenários, não ficam presos em brincadeiras com início, meio e fim”, diz. A professora também comenta que, durante as brincadeiras, os alunos aprendem conteúdos importantes, como formas geométricas e lógicas matemáticas, além de desenvolverem a motricidade fina, capacidade de executar movimentos precisos com controle e coordenação.

Já na sala de Jardim B, um grupo de alunas criou prédios a partir de carretéis e botões. De acordo com a professora da turma, Sofia Munhoz, a função do educador, nesse contexto, é dar liberdade para as crianças. “Nosso papel é estimular as criações deles. Com as tentativas, eles vão elaborando hipóteses e adquirindo conhecimento”, afirma Sofia.

A coordenadora pedagógica da escola, Michele Souza, compartilha da opinião de sua colega, contando que além de ensinar, o educador precisa ser um facilitador. “A criança tem que viver a sua infância e ter suas experiências, vivendo de forma rica, criativa e saudável”, avaliau Michele. Além disso, a vice-diretora, Lia Fdini, destaca que outra vantagem está na integração entre os alunos. “Não são brinquedos apenas para meninos ou meninas, os objetos podem ser trabalhados por todos juntos, evitando grupinhos isolados”, comenta Lia.

Os materiais não estruturados são adquiridos através da verba escolar, mas também por meio de doações, uma vez que muitos podem ser encontrados em casa. A vice-diretora conta que foi difícil desenvolver a proposta no início, mas o objetivo da escola era justamente fugir do básico. “Além de estimular a autonomia das crianças, queremos incentivar sua autoria, para isso, precisamos sair do tradicional”, conta Lia.

Outras escolas da rede municipal de Porto Alegre também trabalham com materiais não estruturados. Uma delas é a Emei Humaitá, escola marcada pela sustentabilidade e que explora a criatividade de seus alunos com objetos recicláveis. 

Para a coordenadora pedagógica da Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação (Smed), Carine Imperator Weber, os materiais não estruturados e os brinquedos, se bem selecionados e oferecidos ao alcance das crianças, não se excluem, mas se complementam e criam enredos para as explorações e brincadeiras, proporcionando às crianças experiências de imaginação, criatividade, ludicidade e protagonismo.

Denise Righi