HPS torna-se referência no tratamento de fraturas de pelve

28/06/2022 13:34
Cristine Rochol/PMPA
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Novo protocolo trouxe tempo de internação mais curto, menos complicações clínicas e redução do potencial de possíveis sequelas

Em um período de três anos, o serviço de tratamento de fraturas de pelve e acetábulo (uma depressão na pelve, formando uma superfície côncava; é no acetábulo que acontece a articulação do fêmur com a pelve) do Hospital de Pronto Socorro (HPS) provocou uma revolução no atendimento a pacientes traumatizados e politraumatizados da Capital e da Região Metropolitana. 

Desde a implantação do serviço, houve redução drástica do tempo de demora para o tratamento definitivo do paciente, com a realização do procedimento cirúrgico, em geral, nos dois ou três primeiros dias, como é preconizado, e com período de internação raramente ultrapassando uma semana – houve casos em que pacientes aguardaram até 45 dias para transferência a um serviço especializado. “A constituição da equipe, que possibilitou o início da operação, foi um divisor de águasâ€, explica o diretor técnico do HPS, o ortopedista Ronei  Anzolch.

Nesses três anos de funcionamento, o serviço de cirurgia da pelve do HPS já operou mais de 150 pacientes. O médico Leonardo Comerlatto, um dos três traumatologistas que integram a equipe, explica que a faixa etária dos operados é ampla, tendo o mais jovem cinco anos e o mais idoso, 94. “Já operamos dois grandes queimados, uma gestante com fratura de acetábulo e, como o HPS possui UTI de trauma pediátrico e é referência para crianças graves, também tratamento cirúrgico de fraturas de pelve no esqueleto imaturo, que são lesões bastante raras de ocorrer e também de necessitar de cirurgiaâ€, conta. Além disso, cada vez mais frequentes são as lesões na região do quadril em idosos. “Essas, com tendência de crescimento ainda maior devido ao envelhecimento populacionalâ€, enfatiza. 

À equipe cabe avaliar, discutir e operar todos os casos. Além disso, os profissionais dedicam tempo e energia para aperfeiçoarem-se ainda mais no tema. A equipe também faz questão de reconhecer a importância dos outros profissionais do hospital para o êxito do serviço e recuperação dos pacientes. “Enfermeiros, técnicos de enfermagem e de radiologia do bloco cirúrgico e sala de recuperação são peças fundamentais nesse tipo de cirurgia e são profissionais que também têm se tornado especialistas nas suas respectivas áreas de atuação no contexto dessas fraturasâ€, diz Comerlatto.

Para o médico, o novo protocolo tem trazido benefícios para todo o sistema. Tempo de internação mais curto, menos complicações clínicas e tudo o que envolve uma internação prolongada, redução do potencial das possíveis sequelas definitivas relacionadas a esse tipo de fratura complexa são alguns dos pontos a serem destacados.

“Com o novo protocolo, há um avanço no prognóstico, ou seja, mais rapidamente podemos trazer o paciente para o quadro mais próximo possível do que vivia antes do traumaâ€, diz o diretor técnico do hospital. Além disso, é comum que os procedimentos realizados no HPS sejam acompanhados por profissionais médicos de outros serviços especializados da cidade e do interior do Estado. “Rapidamente nos tornamos um centro de referência e operamos um volume grande de pacientesâ€, diz Anzolch. 

Comerlatto explica que são poucos os profissionais no Estado que estão aptos a realizar esse tipo de procedimento, pela complexidade. “A maioria das outras instituições que atendem traumatologia em Porto Alegre não tem condições estruturais e técnicas ou até mesmo interesse de receber esses pacientes graves. Por tudo isso, historicamente esses pacientes admitidos no HPS recebiam o primeiro atendimento de urgência, mas o tratamento definitivo ficava dependente de uma transferência para outro hospital, em geral muito demoradaâ€, enfatiza. 

Pela complexidade e repercussões negativas que a demora do tratamento pode inferir aos pacientes, Comerlatto destaca que a melhor chance de recuperar o paciente é operando da forma mais precoce possível. “Esse é o fator chave e que nos diferencia de qualquer outro hospital público do Estado: conseguir operar uma demanda grande, com qualidade técnica e em tempo adequadoâ€, explica o médico.

Reconhecimento nacional - O diretor técnico Anzolch lembra que os pacientes que passam pelo serviço são acompanhados no pós-cirúrgico no Hospital Independência, que é o serviço de retaguarda do HPS para traumatologia. Atualmente, 15 pacientes são acompanhados pelo atendimento ambulatorial do Hospital Independência. 

Recentemente, o serviço recebeu reconhecimento nacional por um estudo que trata de manejo de placa em formato de T em cirurgias de quadril na região do acetábulo, recebendo o prêmio de segundo melhor pôster do Congresso Brasileiro de Trauma Ortopédico, realizado de 18 a 21 de maio, no Rio de Janeiro. “É um trabalho interessante, porque demonstramos o uso de um implante simples, barato, disponibilizado pelo SUS e tradicionalmente utilizado para outra finalidade, mas que adaptamos para aplicação em um padrão muito específico e grave de fratura do acetábuloâ€, destaca Comerlatto.

“O serviço oferecido desde a constituição da equipe colocou o HPS no cenário nacional da cirurgia de trauma e trouxe benefícios para os pacientes, seus familiares e para os profissionais que atuam no hospitalâ€, resume o diretor técnico do HPS.

Patrícia Coelho

Lissandra Mendonça