Cristine Rochol/PMPA

Tamborim, agogô, repinique e surdo foram alguns dos instrumentos musicais utilizados por adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em oficina na tarde de terça-feira, 2. Eles participam do projeto Tamo Junto – Edição Conecta, que aposta na utilização de expressões artísticas para estimular a escuta, a criatividade e o fortalecimento emocional dos jovens.

Conforme as batidas entoavam, sorrisos e descontração se misturavam ao ambiente. Inicialmente, os adolescentes conversaram sobre letras de músicas após ouvi-las em grupo. Um deles, com 18 anos, disse que gostaria de voltar no tempo para ter 16 anos novamente. “Meus pais são do tráfico, meu avô também era, não tive oportunidade boa, por isso, comecei a roubar, mas espero mudar de vida”, afirmou. Depois, cantou uma canção de autoria própria que falava de amor. “Gosto de uma menina, ela trabalha, faz tudo direitinho.”

A psicóloga Taís Maidana, da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), considera que o mais importante do projeto é tirar os jovens do ambiente de privação de liberdade. “Com toda segurança, eles se deslocam até o Centro de Convivência e Profissionalização para que possam, a partir da música e do teatro, trabalhar emoções e sentimentos de uma maneira lúdica, enquanto são conduzidos a pensar a vida”, explica.

Isso é fundamental, segundo ela, pois são meninos que tiveram uma infância com muitas privações, sem espaço e tempo para brincar e que, a partir de uma ambiência positiva, de um trabalho com condução, criam recursos pra elaborar tantas privações sofridas. “Quando resgatamos emoções e sentimentos pelo lúdico, damos uma chance de que elaborem algumas questões que ficaram pelo caminho no desenvolvimento deles.”

O trabalho é realizado em parceria da Fase com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a empresa Vidya – Comunicação & Engajamento Social, responsável pela metodologia do projeto. “O Tamo Junto nasceu para enfrentar os enormes desafios da saúde mental, ofertando aos jovens ações lúdicas, oportunidades e novos olhares sobre suas trajetórias. Queremos sair da lógica da medicalização e da punição para construir caminhos de equilíbrio emocional e de construção de futuro”, destacou a enfermeira Sonia Silvestrin, coordenadora da Área Técnica de Saúde da Criança e Adolescente da SMS.

As ações têm como público-alvo adolescentes e jovens adultos do Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Porto Alegre, da Comunidade Socioeducativa e do Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino. O projeto é viabilizado com recursos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, repassados pela Prefeitura de Porto Alegre.