Unidades de Saúde vão oferecer testes para identificar tuberculose latente
Com necessário investimento na prevenção à tuberculose, a Capital gaúcha está entre cinco capitais escolhida para participar de programa piloto realizado desde abril pelo Ministério da Saúde e Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (Rede-TB) com foco na expansão do cuidado do contato com a doença. Na última semana, representantes da união e do projeto Expand TPT – Tratamento Preventivo para Tuberculose estiveram em Porto Alegre para apresentação da iniciativa ao município e Estado, discutindo estratégias necessárias para ampliação da identificação e investigação dos contatos já na atenção primária à saúde.
A nova sistematização proposta passa a acontecer mais próxima dos usuários. Portanto, ainda neste mês, a união deve fazer a distribuição à Capital do insumo da Prova Tuberculínica (PPD) para auxílio do diagnóstico da doença. Atualmente está disponível somente nos Centros de Referência em Tuberculose (CRTBs).
Com a capacitação de profissionais, o programa será expandido a mais de 50 Unidades de Saúde selecionadas, com profissionais capacitados para facilitação ao acesso e realização do teste. Será considerada elegível para investigação da infecção latente a pessoa que, nos últimos três meses, dormiu pelo menos uma noite por semana ou passou mais de uma hora por mais de cinco dias no mesmo ambiente que alguém infectado. Porto Alegre já conta com novo tratamento para a infecção latente, que dura apenas três meses com doses semanais.
Na Capital, foi realizada visita técnica à Clínica da Família do Centro de Saúde Santa Marta e à Unidade de Saúde Assis Brasil para verificar a organização de recebimento do serviço. Participaram representando o Ministério da Saúde, José Nildo Barros e Daniele Gomes Dell-ortiz; o Expand TPT, Anete Trajman, coordenadora do programa; a Coordenação de Atenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (Caist), Daila Raenck, Carolina Mariante, Cristina Bettin, Beatriz Meleu, João Nagildo e Pauline Ferrugem; a coordenação do CRTB Navegantes, Raquel Leoti e a coordenação do CRTB Bom Jesus, Luciana Figueiro. O staff conversou com gerentes das equipes sobre o atendimento em tuberculose e fluxos de investigação de contatos realizados.
Investigação - A enfermeira Cristina Bettin, assessora técnica referência da tuberculose na Coordenadoria da Atenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), explica que, quando alguém é diagnosticado com a doença, é preciso fazer uma investigação aprofundada dos contatos dentro do seu domicílio. Um adulto pode levar até dois anos para desenvolver uma doença ativa, por exemplo. Portanto, a ação, neste momento, é averiguar se houve contato com o bacilo – microorganismo bacteriano da tuberculose.
“A pessoa pode aspirar essa bactéria e a bactéria ficar mascarada, o que a gente chama de infecção latente da tuberculose. Se isso acontecer, é preciso iniciar a terapia preventiva da tuberculose”, explica. Com isso, é possível diminuir as chances da pessoa desenvolver a doença. “É a estratégia isolada mais eficaz para quebrarmos a cadeia de transmissão da tuberculose e modificar indicadores”, garante.
Doença - A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta principalmente os pulmões, mas também pode acometer órgãos como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).
O último boletim do Ministério da Saúde apresenta 70,8 casos de tuberculose a cada 100 mil habitantes, com taxa de cura de 44%. São registrados 86 casos de tuberculose pulmonar a cada 100 mil habitantes. São investigados apenas 33% dos casos, duas vezes menos que o esperado.
Andrea Brasil