Seminário prioriza integração para o trânsito seguro
A necessidade, cada vez maior, de uma integração em pesquisas e ações pelos diversos órgãos dos poderes executivo, legislativo e judiciário, em busca de caminhos efetivos para a redução da acidentalidade, concentrou o foco das palestras e debates no Seminário Nacional do Trânsito, evento realizado nessa terça-feira, 25, no Salão de Atos do Campus Centro da Universidade Federal do RS (Ufrgs). O encontro, com a participação de cerca de 400 pessoas, ocorreu por iniciativa conjunta entre o Núcleo Universitário Interdisciplinar de Trânsito (Nuitran/Ufrgs, Departamento Estadual de Trânsito/RS, Secretaria Municipal da Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim), por intermédio da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC); Ministério da Saúde (MS), Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer).
O secretário municipal da Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Luciano Marcantônio, reforçou a necessidade do engajamento pela humanização do trânsito e destacou o trabalho realizado pela EPTC na Capital. “A queda efetiva da acidentalidade passa obrigatoriamente pelo esforço conjunto de todos os segmentos da sociedade pela paz no trânsito. A EPTC tem realizado um trabalho importante neste sentido, que reflete na redução das estatísticas das vítimas fatais. Com a participação de todos os órgãos vamos avançar ainda mais, para o bem das pessoas”, disse.
O diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti, lembrou que a união de esforços tem conseguido um avanço importante para uma circulação com menos conflitos. “Mesmo com números ainda elevados, os acidentes, mortes e feridos têm reduzido no trânsito da Capital. Esta sinalização de queda acontece pela prática de diversos programas educativos, como o Multiplicadores pelo Trânsito Seguro, Escola Amiga e o Empresa Amiga da EPTC, entre outros, sem esquecer o Vida no Trânsito (SMS), além, é claro, das ações de fiscalização e de engenharia de tráfego. O trabalho integrado com os demais órgãos é imprescindível para o êxito desta nossa missão, já que todos somos o trânsito”, explicou.
Já o diretor-geral do Detran/RS, Paulo Roberto Kopschina, destacou a importância da integração pelo trânsito seguro. “A união de forças pelo trânsito não é de agora. Cito como exemplos outras duas iniciativas já sedimentadas aqui no Rio Grande do Sul e que também trilham esse mesmo caminho: a Balada Segura e a Viagem Segura. Ambas têm a cooperação entre as instituições dos vários níveis. Essa coesão se faz mais do que necessária quando se está diante do intolerável quadro de acidentes não só do Brasil, mas do mundo. Não por acaso estamos na Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito, instituída pela ONU em 2011. Naquele momento, os órgãos governamentais firmaram o compromisso de fortalecer o entrosamento entre si para reduzir ao máximo a escalada de mortes que vinha se impondo. E é isso o que vem sendo feito", afirmou.
Durante o evento, o secretário djunto da SMS, Pablo De Lanoy Sturmer, também destacou a relação entre a saúde e a mobilidade. "Esta relação é muito próxima. Muitas vidas, entre elas as dos jovens são interrompidas drasticamente por motivos que envolvem o uso de álcool, por exemplo. Avançar em direção a um trânsito com menos conflitos é um desafio para todos nós, representantes dos diversos segmentos da população”, disse. A professora Christine Nodari, representante do Nuitran/Ufrgs, falou sobre a importância das pesquisas como base para a prática das atividades na circulação das cidades, com menos riscos de acidentalidade. “O Nuitran possibilita este espaço de estudos como base de conhecimentos para iniciativas efetivas em busca de uma mobilidade mais harmônica, com menos conflitos. Este seminário é um exemplo de união entre os órgãos para uma missão que é de toda a sociedade”.
O presidente do Cetran, Luiz Noé de Souza Soares, comemorou a parceria entre as entidades pelo trânsito seguro. “Somente com este foco, pela segurança das pessoas, a partir de uma união de esforços, é que atingiremos o objetivo comum a todos, de um trânsito mais qualificado, com menos violência”, afirmou. O Superintendente da Polícia Rodoviária Federal, inspetor João Francisco Ribeiro de Oliveira, reforçou a necessidade de planejamento estratégico, de investimento em estrutura e em pessoal. “Para resultados positivos por um trânsito mais seguro é necessário um investimento, cada vez maior, em planejamento, qualificação em estrutura e em pessoal qualificado para as tarefas de segurança das pessoas na mobilidade”, disse.
A arquiteta Danielle Hoppe, do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), falou sobre a necessidade de uma mudança de modelo de mobilidade para as cidades, muito baseado no automóvel. “Para uma melhor qualidade de vida das pessoas é fundamental a redução do uso do automóvel. Devemos valorizar e investir bem mais no transporte coletivo e em outros modais de deslocamento, como na bicicleta, por exemplo", afirmou. O Diretor de Gestão do Daer, Sívori Sarti da Silva, destacou a importância na segurança do trânsito. “O Daer tem realizado um trabalho permanente pela segurança dos condutores no dia a dia da circulação. Esta integração entre os diversos órgãos direciona para um trânsito mais qualificado”.
A técnica do Ministério da Saúde, Cheila de Lima, falou sobre “Políticas baseadas em evidências: como enfrentar a violência no trânsito. “É evidente que a redução da acidentalidade depende do envolvimento de todos os cidadãos. Mas o poder público tem a sua responsabilidade, em planejamento, sinalização, em proporcionar vias e estradas em boas condições de circulação. Devemos investir, também, em aprimorar a qualidade das informações”, observou.
Vida no Trânsito - O Projeto Vida no Trânsito, plano de ação integrado para prevenção de mortes e lesões desenvolvido em conjunto pela EPTC, SMS e Detran, foi apresentado em painel à tarde. Conforme a técnica da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde, Karla Livi, a metodologia do projeto investe na mudança da cultura de segurança no trânsito. “São atividades elaboradas a partir da articulação intersetorial, qualificação e integração de dados, no sentido de desenvolver ações integradas de segurança no trânsito, monitoramento e avaliação”, explica, enfatizando que a parceria ocorre há sete anos na Capital.
O projeto é uma iniciativa aplicada em âmbito nacional, com base nas ações do diagnóstico de cada local. Em Porto Alegre, informa Karla, há uma hegemonia do transporte individual. Entre os públicos prioritários que estão mais propensos a acidentes estão os pedestres idosos e motociclistas. Dessa forma, uma das frentes de atuação é o Programa Motociclista Seguro, em função do elevado número de acidentes graves envolvendo motos no trânsito da Capital, sendo intensificadas ações educativas, de engenharia e de fiscalização direcionadas a ampliar a segurança desse público.
De acordo com dados do Detran, os óbitos de motociclistas representavam 17% do total de mortes em acidentes de trânsito em Porto Alegre, em 2001. Essa proporção aumentou para 26% em 2015, um crescimento de 53% em relação a 2001; e para 39% em 2017, um aumento de 129% igualmente em relação a 2001.
Denise Righi