Inovações marcam espetáculo da Paixão de Cristo no Morro da Cruz
Centenas de fiéis participaram na tarde desta Sexta-feira Santa, 7, da tradicional procissão da Paixão de Cristo, no Morro da Cruz. A encenação já é realizada há 64 anos no bairro São José, Zona Leste da Capital, e reúne moradores, artistas e visitantes que participam do auto de fé desde a Paróquia São José do Murialdo até o alto do morro. Para esta edição, a coordenação de Descentralização da Secretaria Municipal da Cultura e Economia Criativa, que promove o evento artístico com o Santuário São José do Murialdo, preparou uma série de novas cenas, a volta do palco principal e a participação de artistas profissionais. (fotos)
O prefeito Sebastião Melo e a primeira-dama Valéria Leopoldino participaram da celebração religiosa na Paróquia São José do Murialdo e acompanharam a procissão.
"Nosso respeito e admiração, meu e da Valéria, a todas as mulheres, homens e crianças que caminharam com devoção junto da encenação A Paixão de Cristo. Um dos eventos mais simbólicos da nossa Capital, a celebração litúrgica é um momento especial de reflexão, de fortalecer a fé e de levar a mensagem de paz" - Prefeito Sebastião Melo.
O secretário de Cultura do município, Henry Ventura, afirma que o evento resgata o seu simbolismo após a pandemia da Covid-19. “Nesta retomada temos apresentações da Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre, homenagem ao Papa Francisco pelos dez anos de pontificado e uma estrutura mais qualificada no ato de crucificação, o que caracteriza a importância desta celebração de Páscoa”, salienta.
Camilo de Lelis, coordenador da Descentralização da Cultura, que há 29 anos trabalha na encenação, explica que também foram acrescentadas cenas dos povos originários, representados pelos índios kaingang; a da mulher apedrejada, numa referência à violência contra as mulheres; e a da ressurreição de Lázaro, um dos milagres de Cristo, com a participação de alunos de escolas do bairro Restinga. “A questão da distribuição de renda e da fome são temas da Campanha da Fraternidade da CNBB em 2023 e também são mencionados na encenação deste ano”, destaca.
O morador do Partenon Arriê Vasques representou um dos soldados romanos que açoitou Jesus. Junto com irmãos e tios, eles participam desde crianças da cerimônia religiosa da Semana Santa. “É uma forma de homenagear meu pai que faleceu e que foi quem nos trouxe desde pequenos aqui”, lembra. Antes da saída da procissão, houve celebração religiosa, e o padre Seferino Lisboa, da Paróquia do Murialdo realizou a benção da macela. Dona Shirlei Costa, 75 anos, segurava um ramo nas mãos. “Até que meus joelhos aguentem vou até lá em cima”.
Em seguida, a procissão seguiu no trajeto de 1,5 quilômetro, numa reprodução da via sacra. Os fiéis acompanharam Jesus Cristo carregando a cruz em toda a subida íngreme até o alto do morro, onde ocorreu a crucificação e a ressurreição. A pequena Lavínia batia palmas no colo da avó, a agente de viagens Carmem Almeida. “Participo desde menina e agora estou acostumando minha neta para que no futuro ela sempre esteja aqui”, disse.
Gilmar Martins