Porto Alegre se reencontra com o Largo dos Açorianos

25/08/2019 19:52
Alex Rocha/PMPA
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Final de semana ensolarado levou centenas de pessoas ao local histórico, agora totalmente revitalizado

Um domingo ensolarado e com temperatura amena foi tudo o que os porto-alegrenses e visitantes precisavam para apreciar o novo Largo dos Açorianos, devolvido à população totalmente renovado, na última quinta-feira, 22. O local atraiu centenas de pessoas de todas as idades neste primeiro final de semana depois da revitalização. O gramado à beira dos dois espelhos d’água ficou lotado de gente saboreando chimarrão, conversando, lendo, namorando, tocando violão ou tirando fotos. A criançada também se divertiu bastante, andando de bicicleta, patinete ou brincando ao redor.

A histórica ponte de pedra, antes desfigurada pela ação do tempo e por anos de abandono, foi um dos lugares mais movimentados. Para muita gente, foi também um cenário de recordações de épocas distantes da cidade. Encantada com o novo visual, a farmacêutica Luciane Ortiz, 47 anos, contou que os avós maternos, quando namorados, viveram o primeiro beijo ali na ponte e sempre lembravam disso com saudosismo. Depois de casados, eles foram morar em um prédio em frente. “Tenho foto deles aqui. É bonito ver que a reforma deu contemporaneidade a este lugar, mas conservando as características de estilo. As pessoas estão precisando se apropriar mais dos espaços públicos, e aqui há muita história”, disse ela.

Lembranças ao pisar no Largo dos Açorianos é o que não faltam também a Nara Maria Belbute Peres, 76 anos, que foi até lá no domingo e gravou vídeos no celular para enviar a um filho que mora em Brasília e a um neto que vive nos Estados Unidos. “Quando eu era pequena, vinha muito com meu avô visitar uma fábrica de velas que ficava aqui em frente”, recorda. Ela mora perto dali, mas já não frequentava há tempos o local porque achava deserto. “Agora vai dar para passear. Está tudo lindo”, comemora.

Alex Rocha/PMPA
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Cenário trouxe recordações afetivas para muita gente

Dona Nara também fez novas amizades no passeio pelo largo, ao conhecer as irmãs Ineida, Sirlene e Yane Trindade – de 75, 78 e 82 anos de idade. As três eram frequentadoras assíduas do Clube dos Ferroviários Aimoré, que ficava há mais ou menos 50 metros da ponte de pedra várias décadas atrás. Dizem que agora, além das boas recordações, a beleza da região reforça a motivação para circular pelo Açorianos.

O gramado foi um atrativo a mais para quem gosta de piquenique. Foi o que fez a gestora comercial Denise Freitas, 42 anos, que montou um espaço com lanches para ela e o filho, Diego, de nove meses, e um grupo de amigos que convidou para passar a tarde de domingo no largo. Ela mora em Canoas, e os amigos, Vera Muccillo, 56 anos, Éverton Belo, 59, e Sandro Manfro, 50, em Porto Alegre – em bairros diferentes. Entre um chimarrão e outro, todos elogiaram a revitalização. “Ter um local de lazer como este, renovado, tira a gente de casa. Ficou muito melhor do que se imaginava”, diz Éverton.

Quem aproveitou o final de semana para ganhar um dinheiro a mais oferecendo o que comer também ficou satisfeito. Habituada a vender pipoca doce e salgada na Usina do Gasômetro, Dina Camargo, 43 anos, levou a carrocinha para o Largo dos Açorianos e não se arrependeu. “Está bombando”, disse ela, orgulhosa de sua pipoca doce, polvilhada com açúcar e canela e com cobertura de leite condensado, que faz muito sucesso entre os clientes. “Minha pipoca salgada também não é igual ao que tem por aí. Coloco um tempero especial”, conta. Mas o segredo ela não revela. Para ter ideia, só provando.

Revitalização – A obra para devolver o Largo dos Açorianos à população começou em 2016. Foi executada com recursos do Fundo Pró-Defesa do Meio Ambiente e contou com investimento de R$ 5,4 milhões. A área, de 18 mil metros quadrados, abriga dois monumentos históricos – a ponte de pedra e o Monumento aos Açorianos – e recebeu iluminação cênica, com quatro postes, 16 lâmpadas e 28 spots de luz. Dois espelhos d’água, interligados por uma queda d’água, completam a arquitetura do local.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

Rui Felten

Rui Felten