Prefeito debate futuro do transporte com especialistas

31/01/2021 07:22
Mateus Raugust/PMPA
EXECUTIVO
Foram discutidas medidas de curto, médio e longo prazos, desde a estruturação da tarifa a estratégias de mobilidade

No processo de pensar a reestruturação do sistema de transporte público, o prefeito Sebastião Melo ouviu especialistas na manhã deste sábado, 30, em reunião virtual. Por duas horas, foram debatidas medidas de curto, médio e longo prazos, desde a estruturação da tarifa a estratégias de mobilidade envolvendo os demais modais de transporte.

Melo exaltou a importância de um debate técnico sobre o futuro do transporte, que exige no presente medidas também urgentes para viabilizar a manutenção do serviço.

“É uma discussão rica sobre um problema extremamente complexo e histórico em Porto Alegre. Estamos buscando diálogo em todas as frentes para tomar as melhores decisões para a cidade." - Prefeito Sebastião Melo.

A necessidade de apontar receitas extratarifárias permeou os discursos de alguns especialistas, como o coordenador da Comissão de Transportes da Sociedade de Engenharia do RS, João Fortini Albano. “O subsídio tem que ser a última medida a ser tomada, porque os recursos fazem falta para serviços à sociedade. Devemos estudar as gratuidades e o sistema tem que ter recursos extratarifáriosâ€, defendeu. Já o diretor do programa de Cidades do WRI, Luis Antonio Lindau, reafirmou que o transporte enfrenta problemas em nível internacional. “O sistema está colapsando em todo o Brasilâ€, disse, apontando entre os rumos possíveis também as receitas extratarifárias como taxa de mobilidade, como se aplica em países da Europa.

Em contraposição, o especialista Daniel Andrade pontuou que não encontra em medidas pontuais a solução para o problema de Porto Alegre. “É preciso um conjunto de ações sincronizadas, em diversos âmbitos, para romper o ciclo negativo. Não temos licença social para taxar mais nada no Brasilâ€, defendeu, afirmando que existe oportunidade de captação de recursos, inclusive internacionais, para projetos de inovação em mobilidade.

Presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs) e ex-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Luiz Afonso Senna, afirmou que a gestão, tanto pública quanto nos consórcios privados, é ultrapassada, combatendo também a lógica de aportar subsídio para além de um processo de transição. “Precisamos tomar decisões sustentáveisâ€, afirmou, defendendo a não limitação das operações com premissas definidas pelo poder público, apontando a necessidade de indicadores de performance.

“Há necessidade de uma ação governamental integrada envolvendo os órgãos federais, recompondo uma estrutura de apoio aos municípios quanto ao transporte coletivo. O governo federal não pode estar ausente dessa discussãoâ€, afirmou Clóvis Magalhães, que foi secretário de Gestão de Porto Alegre.

O debate contou também com a participação do engenheiro Luís Roberto Ponte. “Precisamos de uma fonte de financiamento mais justa, que induza o uso do sistema público com qualidade. A cidade ganhará em mobilidade e justiça socialâ€.

Acompanharam a discussão os secretários municipais de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, de Parcerias, Ana Pellini, de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, e de Inovação, Fernando Mattos, o presidente da Carris, Maurício Cunha, diretor-presidente da EPTC, Paulo Ramires, e o procurador-geral do Município, Roberto Rocha.

Carolina Seeger

Elisandra Borba