Prefeitura reforça canais para denúncias e combate a furtos de fios e cabos

10/08/2025 14:25
Divulgação / SMSEG / PMPA
Segurança
Na iluminação pública, até julho, já foram levados 2 mil metros de fios e cabos em diversas regiões

Com o aumento expressivo de furtos de fios e cabos em Porto Alegre, a prefeitura reforça os canais para denúncias e tem adotado medidas para enfrentar o problema, que afeta diretamente a iluminação pública, o abastecimento de água e a segurança no trânsito.

Conforme levantamento da Guarda Municipal, o número de denúncias feitas pelo sistema 156 subiu consideravelmente em 2025: até julho, já haviam sido registradas 118 ocorrências, contra 70 em todo o ano anterior. A maior parte está concentrada em bairros do 4º Distrito, como Navegantes, Floresta e Farrapos, além do Centro Histórico.

Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado contabilizam 1.412 casos de furtos e fios no primeiro semestre em Porto Alegre, superando em 3% o total de 2024 e registrando aumento de 110% em relação ao mesmo período do ano passado.

O impacto desse tipo de crime vai muito além do prejuízo financeiro: compromete a iluminação pública, o funcionamento da sinalização de trânsito e aumenta os riscos de acidentes, assaltos e violência urbana.

“Temos atuado em conjunto com as forças de segurança do governo do Estado para reduzir a criminalidade e combater o furto de fios e cabos. Já fechamos vários locais, seguimos com fiscalização rígida com ferros-velhos e seremos parceiros de qualquer medida para coibir esta prática criminosa, que ameaça a segurança da população e causa prejuízos econômicos ao poder público” – Prefeito Sebastião Melo.

Canais para denúncias - A prefeitura realiza campanhas de conscientização pelas redes sociais para auxiliar na redução de crimes contra o patrimônio público e reforça o pedido para que a população informe as ocorrências pelos números 118 (EPTC) ou pela Central do Cidadão - 156.

Denúncias envolvendo o furto de fios, cabos e semáforos também podem ser realizadas pelo telefone 153 da Guarda Municipal, de forma anônima.

Iluminação - Um dos setores mais prejudicados é a iluminação pública, principalmente parques, praças e áreas de lazer de Porto Alegre. De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSurb), com dados repassados pela concessionária IPSul, o total de fios e cabos furtados em 2025, até julho, soma 2 mil metros na Capital. Em 2024, foram 3,4 mil metros de fios e cabos levados em 12 meses. Desde 2021, o prejuízo acumulado é de R$ 255 mil.

Uma das áreas mais críticas é o entorno do Parque Farroupilha, próximo à avenida Setembrina. Somente neste ano, em sete oportunidades o furto da fiação em uma estação de energia deixou parte do parque às escuras.

Os criminosos também comprometem a iluminação pública em regiões como a Orla do Guaíba e o Parque Marinha do Brasil, próximo ao Estádio Beira-Rio, e ruas dos bairros Menino Deus, Centro Histórico e Independência, para citar os locais mais atingidos.  

Em junho, ladrões levaram fios e cabos do quadro de força da Estação de Bombeamento de Água Tratada (Ebat) do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) Padre Cacique, prejudicando por quatro horas o fornecimento para mais de 80 mil pessoas.

Semáforos e trânsito - A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) também contabiliza transtornos com o furto de cabos e fios. Os problemas causados na operação dos semáforos afetam vários cruzamentos nas ruas de Porto Alegre, exigindo atenção redobrada de pedestres e motoristas ao enfrentar estes imprevistos no trânsito.

De janeiro a julho de 2025, foram registradas 88 ocorrências com furto de cabos de energia e outros itens relativos às sinaleiras, somando quase 8 mil metros de fiações perdidas em ações de vandalismo. O prejuízo no período alcança de R$ 32,5 mil aos cofres públicos. Todos os equipamentos danificados foram restabelecidos pelas equipes da EPTC. Alguns deles, furtados mais de uma vez.

Ferros-velhos – Em tramitação da Câmara Municipal, um projeto de lei do vereador Ramiro Rosário busca proibir a instalação e funcionamento de ferros-velhos e depósitos de sucata metálica na cidade. 

A medida tem como objetivo principal combater furtos e roubos de veículos, fios e cabos elétricos, além de peças metálicas. O projeto prevê um prazo de seis meses para que os estabelecimentos já licenciados encerrem suas atividades, e aqueles que não cumprirem a lei poderão ser multados e sofrer sanções administrativas.

Força-tarefa – Além dos materiais furtados, a prefeitura realizou uma força-tarefa para limpeza e recolhimento de fios em desuso, arrebentados e não identificados, com o objetivo era dar segurança para os cidadãos e veículos que transitam pelas vias da cidade.

Entre janeiro de 2024 e janeiro deste ano, as equipes da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos recolheram 100 toneladas de material em mais de 180 ruas e avenidas da Capital, com o serviço ocorrendo três vezes na semana com servidores do município.

Já a Procuradoria-Geral do Município (PGM) ajuizou ação civil pública pedindo que as empresas sejam condenadas a fazer a imediata inspeção e manutenção preventiva das redes; montar um programa de descarte de fios e implementar canais eficientes de comunicação com a sociedade.

A Lei Municipal nº 11.870/2015 obriga empresas e concessionárias que fornecem energia elétrica, telefonia fixa, banda larga, televisão a cabo ou outro serviço, por meio de rede aérea, a retirar de postes a fiação excedente e sem uso que tenham instalado.

Penas aumentadas – A nova Lei 15.181 aumentou as penas para crimes relacionados ao furto, roubo e receptação de cabos e equipamentos usados em serviços essenciais, como energia, telefonia e transmissão de dados.

No caso de furto, a pena sobe de um a quatro anos para dois a oito anos de reclusão. Já para o roubo, que já previa pena entre quatro e dez anos, haverá agravante de até metade da pena, podendo chegar a 15 anos, quando o crime envolver infraestrutura crítica.

A lei também dobra a punição para receptação de materiais como fios e cabos utilizados nesses serviços. A legislação considera clandestinas todas as atividades feitas com o uso de equipamentos provenientes de crime.

  

Cristiano Vieira

Gilmar Martins