Capital reduz em média 5% a emissão de gases de efeito estufa

12/08/2021 18:47
Alex Rocha/PMPA
EXECUTIVO
Prefeito Sebatião Melo destacou os desafios para termos uma cidade mais sustentável

Porto Alegre reduziu em média 5% a emissão de gases de efeito estufa de 2016 a 2019, além de diminuir a liberação de gás carbônico a partir do plantio de novas mudas de árvores. As informações constam no 2º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, atualizado este ano. Elaborado de janeiro a julho, o resultado do estudo foi apresentado pela prefeitura nesta quinta-feira, 12, no Paço Municipal, com transmissão pelo Facebook. 
 
“Mesmo Porto Alegre sendo uma das capitais mais arborizadas do país, nossos desafios ainda são enormes para termos uma cidade mais sustentável. Esta mudança de patamar também passa por um sistema de transporte mais limpo, que estimule o cidadão e circular menos de carro”, destacou o prefeito Sebastião Melo. “Também estamos atuando em diferentes frentes para termos uma Porto Alegre mais sustentável, como a implementação do IPTU verde até a ampliação da rede de energia solar nas escolas da cidade.” 

O documento é a base para nortear os estudos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA) da capital gaúcha. “Ao identificarmos os setores que mais emitem gases de efeito estufa, poderemos alinhar o plano diretor à política climática, além de propor metas de redução das emissões”, afirmou o secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm.

A construção do inventário foi feita pela prefeitura, com apoio da WayCarbon, da Ecofinance e do Iclei América do Sul. “A questão da emissão de gases de efeito estufa é o desafio ambiental global. O último relatório da Organização das Nações Unidas sobre o clima, divulgado no início da semana, destacou que 80% dos impactos ambientais do planeta são gerados nos grandes centros urbanos”, disse o CEO da WayCarbon, Felipe Bittencourt.

O secretário-executivo adjunto do Iclei América do Sul, Rodrigo Corradi, agradeceu o apoio da equipe da Smamus e destacou a parceria de 26 anos com Porto Alegre, que mantém uma agenda constante de sustentabilidade entre os municípios brasileiros. “Porto Alegre poderá ser referência nacional e liderar as cidades brasileiras com planos urbanísticos qualificados, estudando as características das emissões de gases de efeito estufa e propondo soluções sustentáveis”, avaliou. 

Conforme a diretora de Projetos e Políticas de Sustentabilidade da Smamus, Rovana Reale Bortolini, o resultado demonstra a importância de manter e ampliar as áreas verdes da cidade e o plantio de novas mudas. “Isso mostra que estamos alinhados com a estratégia de redução dos gases de efeito estufa ao aumentar a cobertura vegetal, que é a principal forma de remoção de gás carbônico”, comentou. 

O setor de transporte continua o maior emissor de gases, com 67,7% das emissões em 2019. Segundo Rovana, a ideia é estimular outros modos que não sejam somente movidos a combustível. No mesmo ano, o setor de energia estacionária (consumo diário das pessoas) somou 23% das emissões, seguido dos resíduos, com 8,8%, e de agricultura, florestas e uso do solo, com 0,5%. 

Alex Rocha/PMPA
EXECUTIVO
Nos transportes, houve redução do uso de gasolina e diesel nos anos de 2018 e 2019

Informações do inventário - O 2º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre foi elaborado no software Climas, desenvolvido pela empresa WayCarbon, em parceria com a Ecofinance Negócios e o Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei). As emissões diminuíram em média 5% ao longo dos anos de 2016 a 2019, com contribuições principais advindas dos setores de transportes e energia estacionária. As emissões totais por ano foram de 2.514 (2016), 2.593 (2017), 2.451 (2018) e 2.373 (2019).

Nos transportes, houve redução do uso de gasolina e diesel nos anos de 2018 e 2019. No setor de energia estacionária, a redução nos anos de 2018 e 2019 ocorreu devido à diminuição do fator de emissão do Sistema Interligado Nacional. No setor de resíduos, o aumento nos anos de 2017 e 2018 se deve principalmente ao maior volume de efluentes tratados neste período, que aumentou em boa parte das Estações de Tratamento de Efluentes, principalmente em 2017. A diminuição das emissões no setor de agricultura, florestas e uso do solo deve-se em maior parte à redução dos rebanhos de bovinos e galináceos, mais representativos na cidade, e à maior remoção de gás carbônico ocorrida pelo plantio de mudas e aumento da cobertura vegetal.

O documento servirá como base para a construção de um plano de metas mais completo. “O inventário, a análise de vulnerabilidade e o plano de ação climática constituem estudos importantes para que Porto Alegre esteja apta a conseguir financiamentos internacionais para projetos de redução da emissão de gases de efeito estufa”, explicou Rovana.  

Publicado em 2015, o 1º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa para a cidade de Porto Alegre foi desenvolvido como forma de fortalecer políticas relacionadas a Mudanças Climáticas e Ecoeficiência. Utilizando 2013 como ano-base, este inventário foi o primeiro diagnóstico de emissões realizado para o município e o único publicado até então. Como principais resultados, identificou-se que 66% das emissões de Porto Alegre no ano de 2013 foram oriundas do setor Transportes, 20% de Resíduos e 14% de Energia Estacionária.

Já o inventário atual leva em conta a série histórica de 2016 a 2019 e inclui novas fontes de emissão e setores avaliados. As principais diferenças são a inclusão de alguns combustíveis, tanto no setor de Energia Estacionária quanto no de Transportes, e a contabilização das perdas de energia elétrica nos mesmos dois setores. No setor de Resíduos, foram contabilizadas as emissões decorrentes do tratamento de efluentes, além da inclusão das emissões do setor de Agricultura, Florestas e Uso do Solo.

Confira a cópia do inventário e o sumário.

Vanessa Conte

Gilmar Martins