O processo de revisão do Plano Diretor de Porto Alegre teve uma importante etapa na tarde desta sexta-feira, no Auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Promovida pela Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), a palestra com o renomado urbanista francês Alain Bertaud serviu para trazer novas perspectivas para a revisão da lei que regulamenta o planejamento urbano da Capital. Com tradução simultânea, o evento foi acompanhado por centenas de profissionais e estudantes de arquitetura e urbanismo.

Autor da obra “Ordem sem Design”, o urbanista ressaltou que não conhece a realidade de Porto Alegre a fundo, mas que teme por algo registrado em Vancouver em uma viagem recente, onde a discussão era sobre os moradores das grandes cidades não conseguirem sobreviver pelo alto custo de vida. “Estamos perdendo gerações de habitantes nas grandes cidades. Atualmente, nós podemos gerar uma enorme quantidade de dados, mas ainda não sabemos como usá-los nas smart cities. É importante monitorar o que a cidade está fazendo em tempo real, ou seja, o tempo que uma pessoa leva para se deslocar até o trabalho, até a aula”, destacou Bertaud, que foi urbanista chefe do Banco Mundial antes de se aposentar e passar a atuar como consultor independente.

Para o secretário de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm, a palestra ajudará a trazer uma expertise internacional para a realidade de Porto Alegre e pautar as discussões da revisão do Plano Diretor. “O olhar do Alain Bertaud, de planejamento urbano, está muito relacionado com o que a gente pensa para o futuro de Porto Alegre. O plano deve focar o seu esforço para resolver os verdadeiros desafios da cidade, não ficar só nas questões de regulação urbanísticas, de altura ou afastamento, mas organizar a estrutura pública. Ou seja, ter um papel muito mais proativo de projeto estratégico para o futuro, criando riqueza e oportunidades”, citou. 

O prefeito Sebastião Melo também acompanhou a palestra do urbanista francês. O chefe do executivo reforçou o desejo de criar um departamento para cuidar dos espaços físicos da Capital. “Será um departamento enxuto, mas que funcione só para cuidar do Plano Diretor dos Espaços Públicos. Porque hoje é uma coisa que está meio perdida. O viaduto, o parque, a calçada, o passeio são todos um espaço público. Ou seja, ter um departamento que cuide de tudo isso”, completou.

Melo também citou que a Prefeitura vai recorrer de uma decisão recente da Justiça que suspendeu o funcionamento do Conselho do Plano Diretor da Capital, que ainda exige a realização de novas eleições dentro do prazo de 90 dias. Apesar da suspensão do conselho, a conferência de revisão do Plano Diretor de Porto Alegre segue agendada para ocorrer nos das 7, 8 e 9 de novembro no Salão de Atos da PUCRS. 

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum, também esteve presente na palestra e contou que a entidade espera um Plano Diretor que dê mais inclusão social, sustentabilidade e que valorize a mobilidade urbana e a densidade ordenada. “A gente vê que o diálogo sobre o plano diretor tomou conta do setor, mas que teve uma participação muito grande também da sociedade civil como um todo. Esperamos que a conferência seja um ambiente de muito debate, de troca de ideias, onde todos possam ouvir e ser ouvidos”, finalizou.

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(Fonte: Correio do Povo)