Programa de Alfabetização Audiovisual discute cinema negro e racismo na escola
O Programa de Alfabetização Audiovisual (PAA) lança no próximo dia 10 uma nova atividade de formação dirigida a professores, o curso Cinema Negro na Escola. Realizada através de parceria entre a Cinemateca Capitólio e a Universidade Federal do RS (Ufrgs), com financiamento da Secretaria da Diversidade Cultural do Governo Federal, a iniciativa tem o objetivo de apoiar professores que buscam alternativas para oferecer a seus alunos atividades pedagógicas relacionadas ao cinema durante o período de isolamento provocado pela pandemia do novo coronavírus.
A formação virtual propõe aos professores e alunos uma discussão sobre o racismo através da apresentação de filmes brasileiros de curta-metragem, em sua ampla maioria dirigidos por cineastas negros. São três programas pensados para faixas etárias distintas de estudantes. Os inscritos na formação têm acesso ao link dos filmes a conversas do programador responsável pela seleção dos filmes com seus diretores e outros convidados. As inscrições podem ser feitas através deste link. A programação é gratuita e oferece certificado de participação.
Os filmes participantes são realizados por diretores e diretoras negras como Gabriel Martins, Juliana Vicente, Vinícius Silva, Juliana Balhego e Safira Moreira. Tratam das questões da infância e da juventude, valorizam a história e as tradições africanas e refletem sobre os diferentes momentos da vida escolar numa perspectiva de enfrentamento do preconceito racial e da importância da representatividade.
Além do acesso aos filmes e das três conversas gravadas com seus diretores e outros convidados relativas a cada um dos módulos, o PAA disponibilizará aos inscritos no curso Cinema Negro na Escola uma série de textos, críticas, sugestões de bibliografia e outras indicações de filmes que abordam o tema do racismo.
Para mais informações, o PAA está nas redes sociais:
Facebook
Instagram
Twitter
Blog
E-mail: alfabetizacaoaudiovisual@gmail.com
Programação:
Dia 10: Programa 1
Destinado a professores de Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), apresenta quatro curtas brasileiros acompanhado por uma conversa entre os diretores Vinícius Silva e Juliana Balhego, a psicóloga Andressa Moraes, o crítico de cinema Marcus Mello e a coordenadora do Programa de Alfabetização Audiovisual, Maria Angélica Santos.
Nada, de Gabriel Martins (Brasil, 2017, 28 minutos)
Bia acaba de fazer 18 anos. O final do ano se aproxima e com ele, o Enem. A escola e os pais de Bia estão pressionando para que ela decida em qual curso vai se inscrever. Bia não quer fazer nada.
Quantos Eram pra Tá? de Vinícius Silva (Brasil, 2018, 25 minutos)
As experiências de três estudantes universitários negros na USP revelam a presença do racismo estrutural na sociedade brasileira.
Quero Ir para Los Angeles, de Juliana Balhego (Brasil, 2019, 19 minutos)
Maria é uma jovem universitária negra que decide fazer sua primeira viagem internacional e o destino escolhido é Los Angeles. Mas o esforço próprio nem sempre é suficiente quando as condições não são igualitárias.
Travessia, de Safira Moreira (Brasil, 2017, 5 minutos)
Utilizando uma linguagem poética, o curta de Safira Moreira parte da busca pela memória fotográfica das famílias negras e assume uma postura crítica e afirmativa diante da quase ausência e da estigmatização da representação do negro.
Dia 17: Programa 2
Destinado a professores do Ensino Fundamental, o programa inclui quatro curtas brasileiros, e é acompanhado por uma conversa entre o diretor Adriano Monteiro, as atrizes Jhenyfer Lauren e Dani Ornelas, a professora Daniela Gil, o programador e crítico de cinema Marcus Mello e a coordenadora do Programa de Alfabetização Audiovisual, Maria Angélica Santos.
Cores e Botas, de Juliana Vicente (Brasil, 2010, 16 minutos)
Joana tem um sonho em comum ao de muitas meninas durante a década de 80, ser uma paquita da apresentadora Xuxa. Sua família é bem sucedida e apoia a menina. Porém, Joana não é branca, e nunca se viu uma paquita negra no programa da Xuxa.
Guri, de Adriano Monteiro (Brasil, 2019, 12 minutos)
Victor é um menino de 12 anos que sofre preconceito na escola e sonha em vencer um campeonato de bolinha de gude do seu bairro.
Disque Quilombola, de David Reeks (Brasil, 2012, 13 minutos)
Crianças do Espírito Santo conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória, mostrando suas raízes e revelando suas semelhanças.
Deus, de Vinícius Silva (Brasil, 2017, 25 minutos)
A partir de um verso do compositor Emicida, “Deus é uma mulher negra”, o curta acompanha a rotina de Roseli, retratando o cotidiano de uma mulher negra da periferia da cidade de São Paulo que batalha para garantir seu sustento e, especialmente, o de seu filho.
Dia 24: Programa 3
Destinado a professores de Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, o programa inclui três curtas brasileiros de animação, e é acompanhado por uma conversa entre os diretores Reinaldo Sant’ana, Jamile Coelho e Chia Beloto, o professor Gabriel Junqueira Filho e o programador e crítico de cinema Marcus Mello.
Histórias de Yayá, de Reinaldo Sant’ana (Brasil, 2018, 7 minutos)
Yayá, uma heroína atemporal, conta sua captura na África e sua viagem no porão de um navio negreiro, onde, depois de um momento de banzo em que desejou a morte, foi salva por Iemanjá e recebeu a missão de testemunhar e contar toda a história do povo negro na África e Américas.
Òrun Àiyé: A Criação do Mundo, de Jamile Coelho e Cíntia Maria (Brasil, 2016, 10 minutos)
Avô conta para sua neta a história da criação do mundo e dos seres humanos, a partir de lendas da cosmogonia africana, neste curta realizado com a técnica do stop motion.
Fazenda Rosa, de Chia Beloto (Brasil, 2017, 15 minutos)
Curta de animação sobre a obra do poeta e compositor pernambucano Erasto Vasconcelos. O universo do artista é recriado de forma encantadora pela diretora Chia Beloto, que usa diferentes técnicas de animação para dar vida aos bichos do dia e da noite, aos peixes do rio, aos pássaros, aos bichos do mangue, às árvores e suas frutas, às cantigas de roda e aos personagens presentes nos versos de Vasconcelos.
Dia 1º de outubro: Encontro final de encerramento e troca de impressões em plataforma on-line
Para mais informações sobre o coronavírus, clique aqui.
Veja aqui as últimas notícias sobre a pandemia.
Taís Dimer Dihl