Ex-flanelinhas são treinados para recomeço em novas profissões

19/02/2020 19:10
Anselmo Cunha/PMPA
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ESPORTE
Prefeitura oferece cursos de qualificação a ex-guardadores autônomos em parceria com entidades

Antônio Carlos da Silva, 41 anos, atuou durante 23 anos como guardador de carros nas ruas de Porto Alegre. Separado e com uma filha pequena, hoje ele almeja a mudança de ramo para conquistar um emprego formal. “Quero me qualificar, ter uma profissão melhor e legalizada, para crescer na vida”, desabafa. A mesma perspectiva está nos anseios de Rodrigo Franco Collares, 33, marido e pai de seis filhos, que cuidava de veículos em shows, eventos e jogos de futebol há 13 anos. “Busco um recomeço e ser tratado na sociedade como um cidadão”, explica.

Ambos começaram nesta quarta-feira, 19, o primeiro dos cursos destinados a capacitar ex-guardadores autônomos de veículos que procuram voltar ao mercado formal de trabalho. A atividade está proibida na Capital em decorrência da Lei dos Flanelinhas, sancionada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior em janeiro deste ano. As capacitações são oferecidas pela Prefeitura de Porto Alegre em parceria com entidades da sociedade civil organizada. 

O curso de Gestão da Excelência no Varejo, organizado pelo Sindicato de Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas), recebeu 12 alunos entre ex-flanelinhas e pessoas em situação de rua. Até esta quinta, 19, foram seis horas de treinamento para desenvolverem técnicas em excelência no varejo e reflexões sobre a importância do atendimento humanizado, gestão de carreiras e metas pessoais. “A expectativa é que eles saiam com bagagem de uma boa apresentação pessoal numa entrevista, com currículo bem organizado e técnicas já dominadas”, adianta a professora Luciana Roberta de Moura.

Segundo o presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, todos estarão aptos a disputar vagas de trabalho. “Vão entrar com grau de atenção nos currículos para concorrer em nosso cadastro, de 2,6 mil lojistas”, informa. Os futuros profissionais do varejo poderão atuar em atendimento, como auxiliares de vendedor, auxiliares de estoque e fiscais de frente de loja.

Resistência - Apesar da chance de sair da clandestinidade, muitos ex-flanelinhas ainda resistem à recolocação. Dos 1,1 mil atuantes nas ruas antes da lei, 142 se cadastraram nas ações desenvolvidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Esporte (SMDSE) e a Fundação de Asistência Social e Cidadania (Fasc). “A lei está aí para ser cumprida, e a população a abraçou. Colocamos em prática o projeto de humanização para, justamente, ajudar com a perspectiva de outra profissão”, ressalta o secretário interino de Desenvolvimento Social e Esporte, Nelson Beron. 

Para o próximo mês, estão previstas dez datas de cursos, palestras e oficinas de informática, empreendedorismo, prevenção de acidentes e ações de encaminhamento de vagas de trabalho no Sine Municipal. Em breve, estarão disponíveis cursos de pintura, zeladoria, arrumadeira, garçom e outras atividades para as quais haja demanda. Até o momento, cinco ex-flanelinhas já foram empregados desde a entrada da lei em vigor.   

 

Gonçalo Valduga

Taís Dimer Dihl

Acompanhe a prefeitura nas redes