Neste dia marcado pela luta contra a discriminação e o preconceito, a oferta de vagas exclusivas é vista como uma vitória pela chamada “população T”. É o caso de Skye Lima, que chegou ao Sine pela manhã em busca das oportunidades de emprego, e relatou já ter precisado esconder sua condição de homem trans para ser aceito no mercado de trabalho. “Ter essas vagas destinadas a nós é uma realização, porque batalhamos todos os dias para conquistar nosso espaço. Queremos mostrar para as empresas que a gente pode competir por uma vaga em igualdade, que temos a mesma capacidade”, afirma. 

Durante o evento, que ocorreu das 8h da manhã às 16h, mais de 70 pessoas trans foram encaminhadas para processos seletivos e 25 receberam a orientação para retificação do nome social e emissão e documentos. Loui Farias, mulher trans, que está em busca de sua primeira oportunidade de emprego após a transição de gênero, destacou o acolhimento humanizado feito pelo Sine Municipal. “Quando cheguei, recebi um atendimento especializado para pessoas trans e percebi que todos tentaram ao máximo fazer com que nos sentíssemos em casa. Isso é muito importante para que as pessoas trans se sintam estimuladas a continuarem participando dos processos. Ter essa oportunidade no Dia da Visibilidade Trans é incrível, estou muito confiante”, diz.

Além dos encaminhamentos para vagas de emprego, transexuais e travestis puderam se inscrever para o EJA e diversos cursos profissionalizantes, a fim de qualificarem suas carreiras. Para a secretária de Desenvolvimento Social e Esporte, Comandante Nádia, é por meio da qualificação e do trabalho que as pessoas trans conseguirão conquistar sua independência. “Mais do que a empregabilidade, nós vemos que muitas vezes falta qualificação profissional para quem vem procurar emprego. Hoje, no Dia Nacional da Visibilidade Trans, a Prefeitura de Porto Alegre oferece não só postos de trabalho, mas também cursos em várias áreas, por meio da Escola do Trabalhador. Oportunizamos a esse grupo de pessoas, além da inserção no mercado de trabalho a capacitação necessária”, afirma a secretária. 

O evento também foi marcado por duas palestras. Pela manhã, o tema empreendedorismo foi abordado por Vinicius Mendes Lima, fundador do Instituto Besouro que realiza cursos e fornece incubadora de negócios para a periferia. Na tarde, acesso, visibilidade e vivências de pessoas trans na Educação foi o tema da discussão, que teve como facilitadores a professora Helena Soares Meirelles (Emef Alberto Pasqualini) e o professor Ângelo Alexandre Marcelino Barbosa (Emef Saint’Hilare). Para Helena, professora da Rede Municipal de Educação e mulher trans, a oportunidade de falar sobre sua vivência e inspirar outras mulheres e homens trans foi emocionante. Em sua fala, destacou a importância da realização de ações voltadas a promoção da educação e do emprego para a população T. “A comunidade trans, por si só, já vem nesse mundo para transgredir. Meu sonho é que, futuramente, essa transgressão seja através do conhecimento, para que a gente possa conquistar um espaço cada vez maior”, conclui.