Manoelle Duarte / SMED / PMPA

Alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Mario Quintana, no bairro Restinga, novamente ganham reconhecimento no Prêmio MPT na Escola RS, promovido pelo Ministério Público do Trabalho para a conscientização de estudantes da rede pública de todo o país sobre o combate à exploração do trabalho de crianças e adolescentes. Nesta terça-feira, 18, os integrantes do grupo receberam os certificados de participação na fase municipal, realizada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). Em 2017, na categoria curta-metragem, a Mario Quintana venceu na etapa estadual, com o curta ”Quanto custa a infância” e representou Porto Alegre na fase nacional do concurso. Neste ano, repete o feito, com a produção intitulada “Nossa realidade”. A cerimônia de premiação da etapa estadual ocorrerá em Porto Alegre, no dia 5 de outubro, e os resultados da etapa nacional serão divulgados em novembro.

O protagonismo dos alunos foi destacado pelos professores orientadores do projeto e pelo diretor da escola, André Correa da Silva, que ressaltou a importância na participação e o empenho dos alunos na confecção dos trabalhos. Para ele, o reconhecimento da Smed aos estudantes conta como incentivo para futuras competições. “Os estudantes são agentes transformadores de sua comunidade e do mundo, e toda mudança produzida dentro da escola é ampliada para além da sala de aula, possibilitando a conquista de uma vida melhor”, disse. Todo processo de criação, escrita e produção dos trabalhos são desenvolvidos pelos estudantes, dentro das dependências da escola. Os alunos contam com a ajuda e a orientação dos professores. Na fase municipal, a Mario Quintana ainda ficou em terceiro na categoria desenho. 

O curta-metragem “Nossa realidade”, produzido por alunos do 6º e 7º ano, aborda a temática do trabalho infantil sob o olhar dos jovens que vivem, muitas vezes em situação de vulnerabilidade social, em regiões periféricas de grandes cidades. Para ajudar na renda da família, adolescentes vão em busca do dinheiro fácil que o mundo do tráfico oferece, como mostra o personagem protagonista do vídeo. A escolha do tema reflete a realidade dos jovens da comunidade onde se localiza a escola, a Vila Castelo. “A gente conhece uma gurizada que se perdeu no tráfico e deixou de viver as coisas na sua idade, como brincar, estudar e se divertir”, contou Adrian Severo, 13 anos, aluno do 7º ano. Como alternativa, o curta traz o Programa Jovem Aprendiz, que oferece vagas de emprego a jovens de 14 a 24 anos que estejam cursando o Ensino Fundamental ou Médio.

No ano passado, além do primeiro lugar na categoria curta-metragem, a Mario Quintana ficou em segundo na categoria música na etapa estadual. Para aprimorar o trabalho, em julho deste ano os alunos do 6º e 7º ano gravaram a música “Rala pra quê?” no Estúdio Geraldo Flach, da Secretaria Municipal de Cultura, desejando alcançar a primeira colocação no estadual e competir na fase nacional do concurso. Apesar da dedicação e da criatividade demonstrados no resultado final da canção, a escola acabou não conquistando a fase estadual.

Etapa municipal - A cerimônia simbólica da entrega de certificados aos alunos que concorreram na primeira fase do concurso mas não avançaram à etapa estadual, nesta terça-feira, foi organizada pelos professores da escola Mario Quintana e pelo gestor do projeto, Roberto Milman Azambuja, da Diretoria Pedagógica da Smed. Além da Mario Quintana, as Emefs Timbaúva, Vila Monte Cristo, João Antônio Satte e Vereador Martim Aranha também concorreram na fase municipal. No total, 26 alunos da rede receberam certificados pela participação. 

MPT na Escola RS – Na fase estadual, o projeto atingiu, neste ano, mais de 190 escolas e mil turmas, de 58 municípios gaúchos. Os primeiros colocados de cada categoria da etapa estadual serão encaminhados pelo MPT-RS para o Prêmio MPT na Escola Nacional, organizado pela Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do MPT e realizado em Brasília. 

Projeto Resgate à Infância - O projeto “Resgate à Infância” do MPT se divide em três eixos: o "Profissionalização", voltado a empresas e ao preenchimento das vagas reservadas por Lei a aprendizes; o "Políticas Públicas", voltado aos municípios, com o objetivo de articular e fortalecer a rede de proteção da criança e do adolescente; e o "Educação", voltado, através do MPT na Escola, a escolas de Ensino Fundamental da rede pública. A proposta é trabalhar o tema em atividades em sala de aula, sensibilizando os envolvidos para o problema. O concurso cultural é dividido em seis categorias: conto, poesia, esquete teatral, curta-metragem, música e desenho.