Operação Tapa-Buracos será reforçada até o final do ano

20/09/2018 17:30
Luciano Lanes / PMPA
Infraestrutura e Mobilidade
Vias com fluxo superior a 5 mil veículos/dia estão sendo priorizadas

A Operação Tapa-Buracos da Prefeitura de Porto Alegre será reforçada até o final de 2018. O trabalho, que antes era feito por seis equipes, ganhou o acréscimo de três, um aumento de 50%. Agora, nove equipes estão divididas para atender toda a cidade, a partir de três frentes de trabalho nas regiões Centro, Sul/Leste e Norte. A meta da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) é utilizar 13.100 toneladas de concreto quente de setembro a dezembro – 300% a mais do que foi aplicado de janeiro a agosto. O investimento será de R$ 10,1 milhões. “Estamos retomando o serviço com toda nossa capacidade de pessoal e material. Se o tempo ajudar, vamos encerrar o ano com aplicação de 16.400 toneladas de concreto quente, mais que a média histórica que é de 13 mil toneladas”, afirma o prefeito Nelson Marchezan Júnior. 

O reforço busca suprir a defasagem de 2017 e do primeiro semestre de 2018.  Paralelo ao trabalho diário de conservação, está em fase de finalização projetos inéditos de recuperação e requalificação estrutural da malha asfáltica da cidade. Ao assumir a prefeitura, a atual gestão se deparou com contratos atrasados, três licitações sem interessados e uma nova política de reajustes da Petrobras sobre produtos asfálticos – Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) e o Asfalto Diluído de Petróleo (ADP) – que encareceu os serviços de manutenção de ruas e estradas. 

A retomada da Operação Tapa-Buracos começou em agosto e prioriza 286 vias definidas por um grupo composto por várias secretarias e órgãos. Por orientação do prefeito Nelson Marchezan Júnior, foi desenvolvido um plano de ação com acompanhamento semanal dos serviços. Entre os critérios adotados estão ruas com fluxo superior a 5 mil veículos/dia, como as avenidas Mauá, Ipiranga, AJ Renner, Estrada João de Oliveira Remião, Alberto Bins, Otávio Rocha, entre outras. “A prioridade são as vias com maior fluxo de trânsito, onde circulam transporte coletivo e situações emergenciais, como buracos que podem causar acidentes”, afirma o secretário municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Luciano Marcantônio. 

Todas as regiões da cidade necessitam de manutenção, mas Centro e Norte, por possuírem maior área pavimentada e com revestimento asfáltico mais antigo, são as que necessitam maior atenção. Em média, as equipes conseguem fazer a manutenção de 15 vias diariamente. No entanto, esse número pode variar dependendo do tamanho dos buracos e condições climáticas, como chuva, frio e umidade. Em 18 dias de setembro, 169 vias já receberam manutenção da Operação Tapa-Buracos na Capital.

Projeto estrutural inédito
O prefeito lembra que 85% da malha viária de Porto Alegre já ultrapassou sua vida útil e que a Operação Tapa-Buracos é uma ação emergencial.  Muitos buracos surgem, também, devido a problemas na rede subterrânea, que é antiga e precária. Por isso, além desse serviço diário, a prefeitura trabalha em um projeto estrutural para recuperação de 76 km de vias arteriais com revestimentos asfálticos, incluindo reconstrução da estrutura do pavimento nos locais onde se diagnosticou deficiência estrutural. “É a primeira vez que está sendo feita uma avaliação estrutural do pavimento antes da repavimentação”, destaca Marchezan. 

A execução das obras destes projetos está prevista para ser iniciada em 2019, mas depende da liberação de R$ 133 milhões. Desse montante são necessários R$ 25 milhões do saldo do financiamento com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), R$ 23 milhões do projeto Avançar Cidades do Ministério das Cidades e R$ 85 milhões de recursos próprios ou financiamentos (a captar). 

Os estudos técnicos para verificação da estrutura do pavimento estão sendo realizados em 32 trechos das seguintes vias: Bento Gonçalves, Ipiranga, Nilo Peçanha, Bernardino Silveira Amorim, Antônio de Carvalho, Juca Batista, João de Oliveira Remião, Protásio Alves, Eduardo Prado, Assis Brasil, Sertório, Rua dos Maias, Estrada São Francisco, Cavalhada, Estrada Belém Velho, Costa Gama, Cristóvão Colombo, João Antônio da Silveira, Edgar Pires de Castro, Retiro da Ponta Grossa. 

Outra iniciativa, ainda em fase inicial, são projetos básicos para contratação de serviços de recuperação funcional de pavimentos (fresagens, capeamentos e recapeamentos) em aproximadamente 50 km vias coletoras, onde os problemas observados são somente na camada superficial de rolamento e não há necessidade de intervenção na estrutura do pavimento. Estes projetos de recuperação de pavimentos são realizados de modo contínuo pela secretaria conforme a disponibilidade de recursos previstos no orçamento.

Histórico de atrasos
Segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, a situação dos buracos se agravou na Capital, principalmente devido a atrasos em contratos de 2016, reajuste da Petrobras sobre os produtos asfálticos e dificuldades financeiras da prefeitura. Ao assumir o governo municipal, a gestão Marchezan recebeu dívidas – no valor R$ R$ 1,295 milhão – em contratos de areia e brita, caminhões térmicos e manutenção das usinas. A administração teve que buscar acordos com os fornecedores para retomar o serviço. 

Em abril deste ano, após três licitações que resultaram desertas (novembro, fevereiro e março), a Operação Tapa-Buracos foi normalizada graças à compra emergencial de 200 toneladas de Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), empregado na mistura com britas e areia para a fabricação de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), adequado à conservação de vias. “Duas questões provocaram a dificuldade de encontrar fornecedores: o histórico de problemas de pagamento pela prefeitura e a nova política de reajuste de preços da Petrobras, única fornecedora de CAP do Brasil”, explica o titular da secretaria. 

Um novo edital de licitação, adequado às novas normas da estatal, foi homologado em agosto para compra de 3 mil toneladas de CAP, possibilitando a execução de 50 mil toneladas de concreto a quente. Parte desse material será usado até dezembro e o restante no ano que vem. 

Clima interfere
O clima, tanto a chuva como o frio, é outro fator que interfere diretamente no andamento da operação. A produção do concreto quente depende das condições de umidade dos materiais. A temperatura ambiente no início da produção deve estar acima de 10° C. Já o trabalho da rua, geralmente, pode ser retomado no dia seguinte após a chuva. 

Em julho e agosto deste ano a Tapa-Buracos também foi prejudicada pelo elevado índice de chuva. Segundo dados da Defesa Civil de Porto Alegre, a média histórica para julho é 121,70 mm, mas este ano choveu 185,00 mm. Agosto também ficou acima da média, que é de 140,00 mm. No mês passado o índice pluviométrico foi de 170,60 mm.

Entenda a diferença: 
Concreto quente CBUQ: (Concreto Betuminoso Usinado a Quente) é produzido com Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP). É mais durável que o frio, pois tem maior adesividade e resiste a elevados volumes de tráfego.

Concreto frio: (PMF-pré misturado a frio) é produzido com emulsão asfáltica. É utilizado para situações emergenciais quando não se consegue produzir o CBUQ.

Saiba mais:  
Tapa-buraco:conservação emergencial ou conservação padrão.

Conservação emergencial: realizada em áreas degradadas de menores dimensões com caminhão do tipo caixa ou térmico. Espalha manual de asfalto e compactação com rolo manual ou placa vibratória.

Conservação padrão: realizada em áreas degradadas de maiores dimensões com caminhão do tipo caixa, térmico ou caçamba e fresagem. Espalha manual ou mecânica de asfalto e compactação com rolo mecânico.

Requalificação funcional: serviço de recuperação da camada superficial do pavimento em grandes trechos de vias com fresagem, transporte com caminhões do tipo caçamba, espalha mecânica de asfalto e compactação com rolo mecânico.

Requalificação estrutural: recuperação de uma ou mais camadas do pavimento (sub base, base e revestimento) em trechos de vias com grande volume de tráfego. Inclui serviços de escavação, recuperação da estrutura, fresagem, transporte com caminhões do tipo caçamba, espalha mecânica de asfalto e compactação com rolo mecânico.

*A diferença entre as requalificações estrutural e funcional é que a na recuperação estrutural são avaliadas com equipamentos e técnicas específicas as camadas que constituem o pavimento (sub base, base e revestimento) antes de se executar a sua recuperação.

 * Até agora só houve investimentos em recuperação funcional. A previsão de investimentos na requalificação estrutural é para o próximo ano (R$ 133 milhões).

 

Gilmar Martins