Artigo: Avanços no cuidado, sem ignorar os desafios
Zerar a fila de espera para tratamento de câncer de mama e radioterapia no SUS de Porto Alegre não é apenas um feito inédito - é a prova de que avanços reais e duradouros acontecem quando há planejamento, trabalho em rede e foco nas pessoas. Em 11 de julho, todos os pacientes que aguardavam por esses tratamentos já estavam com encaminhamento garantido. Mais que números, falamos de vidas que não podem esperar, de histórias que exigem atenção imediata e cuidado contÃnuo. Essa conquista é resultado de um esforço coletivo e de uma gestão comprometida com resultados, iniciado em abril, quando começamos a reduzir, em média, mil pessoas por semana nas filas da saúde.
Também encurtamos drasticamente os tempos de espera: de 11 para 2 dias na oncologia de mama, e de 26 para 2 na radioterapia. Ainda não é o cenário ideal, mas é, sem dúvida, um sinal concreto de mudança - e, principalmente, de esperança para quem depende do SUS. Reconheço que as filas do SUS são um dos maiores desafios da saúde pública: são históricas, complexas e, muitas vezes, invisibilizadas.
Mas o que estamos demonstrando é que, com uma rede articulada - como temos feito com o reforço nas ofertas do Hospital Vila Nova, das Ofertas de Cuidados Integrados (OCIs), do GHC e do Hospital São Lucas - é possÃvel acelerar diagnósticos e garantir tratamento em tempo oportuno, com mais agilidade, eficiência e humanidade. Mantemos o mesmo compromisso com outras especialidades. Nos próximos dois meses, devemos zerar as filas de mamografia, cardiologia adulto, otorrinolaringologia e oftalmologia pediátrica, com o apoio do Instituto de Cardiologia, Hospital de ClÃnicas, Santa Casa e Hospital Materno Infantil Presidente Vargas.
Em maio, já havÃamos eliminado a fila por ressonância magnética. São entregas que ainda não resolvem tudo, mas mostram um caminho possÃvel - com planejamento, persistência e parceria. A população merece ser atendida com respeito, cuidado e dignidade. Nosso dever é seguir construindo soluções práticas, com responsabilidade e escuta ativa. A saúde pública não pode ser refém da burocracia nem dos velhos discursos. Ela precisa, todos os dias, responder com ações concretas - e, acima de tudo, abraçar com humanidade cada vida que confia no SUS para continuar lutando.
Fernando Ritter
Secretário de Saúde de Porto Alegre
Artigo publicado na edição de 22 de julho de 2025 do Jornal do Comércio Â
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Cristiano Vieira