Capital adquire equipamento de última geração para cirurgia fetal
Porto Alegre adquiriu um fetoscópio, equipamento utilizado para realizar cirurgias fetais endoscópicas em casos selecionados, durante a vida dos bebês ainda dentro do útero materno. É a primeira vez que esse tipo de procedimento é disponibilizado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital gaúcha e estará também acessível a pacientes do interior do Estado.
O serviço será oferecido já a partir de maio, no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV), administrado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A aplicação dessa tecnologia de última geração está indicada, por exemplo, em gêmeos com quadro de Síndrome da Transfusão Feto-fetal, permitindo o acesso direto aos fetos, placenta e vasos sanguíneos placentários. Nesses casos, gêmeos idênticos compartilham a mesma placenta e, por compartilharem a mesma árvore circulatória, pode ocorrer a distribuição desequilibrada de nutrição, priorizando apenas um dos fetos
O médico especializado em obstetrícia e ultrassonografia em obstetrícia e ginecologia, André Campos da Cunha, chefe da equipe de medicina fetal e gestação de alto risco do HMIPV, destaca que a realização da fetoscopia e utilização do laser para separação das circulações placentárias nessas situações apresentam, em hospitais de ponta a nível mundial, índices de sobrevivência de até 92% para um dos fetos e de 75% para ambos os fetos. “A fetoscopia surge como melhor alternativa, separando as circulações dos fetos e proporcionando maior chance de desfecho favorável a um ou ambos os bebês, melhorando assim o prognóstico”, explica Cunha.
“Até pouco tempo, a única alternativa para esses casos seria a vigilância semanal, alguns procedimentos com baixa eficácia e indicação do parto a partir da viabilidade”, afirma o especialista em medicina fetal Jorge Alberto Telles, também da equipe do HMIPV. Essa conduta, segundo o médico, determinava maior risco de morte aos bebês.
De acordo com o diretor-geral do HMIPV, Cincinato Fernandes Neto, a aquisição do aparelho faz parte da renovação do parque tecnológico do hospital e conta com parceria da Associação dos Amigos do HMIPV para a implementação da nova terapêutica em medicina fetal. Criado há 16 anos, o Serviço de Medicina Fetal Dra. Rosilene da Silveira Betat do HMIPV é um dos pioneiros no Estado também na formação de residentes especialistas na área.
Andrea Brasil