HPS completa 77 anos com conquistas e desafios
Cerca de 130 mil atendimentos de emergência por ano, numa operação 24h, sete dias por semana. O HPS nunca para. E nem poderia. O Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre chega aos 77 anos nesta segunda-feira, 19, consolidado como referência máxima do estado em casos de trauma.
“Pelo menos metade dos pacientes vem da região metropolitana, litoral e muitas vezes de cidades ainda mais distantes. A estrutura gira em torno de 85 leitos operacionais, sendo 32 de UTI. A ocupação média é sempre acima de 100%. Mas o HPS nunca fecha as portas nem recusa paciente“, destaca a diretora geral do hospital, Tatiana Breyer.
A instituição atua no mesmo prédio, no Largo Teodoro Herzl, desde a inauguração em 1944. Ao longo de décadas foi aprimorando suas instalações e serviços, driblando os limites físicos cada vez mais restritivos e se adaptando a um ritmo sempre mais intenso de emergências. Para isso o HPS conta hoje com cerca de 1000 servidores, dos quais 317 são médicos e 95 enfermeiros. Profissionais qualificados para uma missão que exige pronta resposta diante da gravidade de tantos casos que chegam diariamente.
Nos últimos quatro anos, foram quase meio milhão de pacientes atendidos na emergência, mais de 20 mil internações, pelo menos 10 mil cirurgias e cerca de 1.300.000 exames diversos, de laboratoriais a raios x e tomografias.
A baixa taxa de mortalidade na emergência é uma prova incontestável da competência das equipes: 0,023%. No geral, é de 2,8%.
“O HPS chega aos 77 anos como uma instituição respeitada nacionalmente pelo seu papel e desempenho. E também pela luta diária não só para salvar pessoas, mas também para vencer as barreiras que historicamente se interpõem a uma tarefa desta dimensão”, salienta o secretário municipal de Saúde Mauro Sparta.
O custo mensal da instituição que atende gratuitamente pobres ou ricos, de todas as idades, é de R$ 15 milhões, sendo 80% bancados pelos cofres da Prefeitura de Porto Alegre, mesmo com metade dos cerca de 300 atendimentos diários sendo para moradores de outras cidades. O restante dos recursos vem de repasses SUS via Ministério da Saúde, além de complementos originados por emendas parlamentares e aportes da Fundação dos Amigos do HPS, entre outras fontes.
Muitas áreas do hospital são consideradas padrão nacional pela qualidade, como a UTI de Queimados (premiada pelo Ministério da Saúde) e a UTI Pediátrica. Na Copa do Mundo de 2014 o HPS foi escolhido pela Fifa como hospital referência para os atendimentos de urgência durante o evento.
Pandemia - A Covid-19 também colocou o HPS no combate à pandemia. Com a diminuição dos casos de trauma por causa da circulação menor de pessoas devido às restrições, a direção entendeu que o hospital poderia destinar parte de suas instalações para reforçar a rede hospitalar da cidade, já sobrecarregada pelo aumento de casos verificados a partir de janeiro de 2021.
Com um intrincado trabalho de reorganização interna, foi criada uma ala específica para casos de Covid-19, destinando 10 leitos de UTI e 25 de enfermaria. Mais uma vez o HPS desempenhou seu papel de apoio incondicional à população.
Muitas reformas físicas foram feitas ao longo dos últimos anos, além da aquisição de equipamentos sofisticados e novos processos de gestão que estão em andamento, modernizando a administração e repercutindo na qualidade dos serviços.
A obra mais recente foi a reforma geral na enfermaria de traumatologia do segundo andar, entregue em dezembro de 2020. Mas ainda há muito que fazer, como reforçar o quadro profissional e dotar a instituição com equipamentos de ressonância magnética, investimentos de alto custo cotados em dólar. O HPS recentemente passou a ter papel ainda mais importante na área de transplantes, qualificando as equipes para fazer a retirada de órgãos, operação que antes dependia de equipes da Santa Casa.
Futuro - Hoje uma das principais metas da administração para dotar o HPS com mais recursos e abrir novos caminhos para o futuro é alcançar a habilitação que consolidaria sua posição como instituição de ensino na área médica, possibilitando assim reforçar o caixa com repasses do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde.
“O processo está em curso, mas é um longo caminho, apesar das conquistas.
Além de ser um tradicional formador de profissionais de saúde, com residência médica em cirurgia geral, trauma e muitas outras áreas, o HPS foi pioneiro no Brasil ao criar em 1996 a Residência em Medicina de Emergência”, lembra a diretora Tatiana Breyer. O curso já formou centenas de emergencistas, que atuam em prontos atendimentos e UTIs por todo o Brasil, graças à experiência adquirida no HPS de Porto Alegre.
Andrea Brasil