Mediadores interculturais irão auxiliar imigrantes no acesso aos serviços de saúde
A haitiana Youdeline Obas, 36, chegou ao Brasil há quase três anos e se instalou em Porto Alegre, onde o marido já a aguardava. O espanhol aprendido no tempo em que viveu na República Dominicana e no Chile facilitou a comunicação e o entendimento da língua portuguesa. Nesta quarta-feira, 27, Youdeline começa um novo desafio no papel de mediadora intercultural da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), quando irá auxiliar outros imigrantes a acessarem os serviços na cidade.
O lançamento do projeto ocorreu na Unidade de Saúde Cohab Cavalhada, com a realização dos primeiros atendimentos. Conforme a técnica Rita Buttes, da área de Saúde do Imigrante da Atenção Primária, o objetivo é facilitar o acesso às unidades de saúde e hospitais, reduzindo a barreira linguística e cultural. “Os mediadores interculturais irão desenvolver um trabalho que transcende a simples tradução, decodificando não apenas termos entre nacionalidades, mas culturas e hábitos dos cuidados em saúde entre nações”, explica.
Os atendimentos serão feitos de forma presencial, nos casos de pré-agendamento, e virtual para demandas espontâneas. As unidades de saúde terão três números de celular à disposição para solicitar a mediação. Demais serviços de saúde que quiserem solicitar acesso aos mediadores devem entrar em contato com a Atenção Primária em Saúde, na área técnica de Saúde do Imigrante, pelo telefone 3289-2894.
Funções - Os mediadores interculturais irão realizar o primeiro contato com o usuário imigrante ou a mediação entre ele e o profissional de saúde, garantindo o acesso desde o atendimento no território até os diferentes pontos da rede de saúde da cidade. Também vão acompanhar o imigrante no atendimento (presencial ou virtualmente), além de fazer visitas domiciliares e comunitárias.
A Capital possui cerca de 30 mil imigrantes, considerando todas as situações migratórias, sendo a maioria de haitianos. Segundo o sistema E-SUS/SMS/2020, existem cerca de 3.313 imigrantes com cadastro ativo no Cartão Nacional de Saúde na cidade, ou seja, que acessam as unidades de saúde, aproximadamente 10% da população imigrante.
Lissandra Mendonça