Cristine Rochol/PMPA

As mãos habilidosas de Aline Saft, 40, cortam tiras de tecidos verdes em tamanhos similares. Com o olhar atento, Naiton dos Santos, 58, dobra folhas de jornal na largura de três centímetros, separando as unidades finalizadas. Juntos, eles preparam mais uma guirlanda que irá enfeitar as portas das casas para celebrar um dos momentos mais esperadas do ano, o Natal. O trabalho é realizado na oficina Geração Pop Rua, iniciativa da prefeitura voltada a pessoas em situação de rua (fotos).

Com encontros de segunda a sexta-feira, no Centro de Saúde Santa Marta, os 13 integrantes aprendem técnicas de costura e confecção de vasos em cimento. Até o dia 23, o grupo participa da Vila de Natal aberta em frente ao Paço Municipal, no Centro Histórico, das 14h às 20h. “A oficina vai muito além do propósito de gerar renda. O mais importante é o acolhimento e o vínculo entre o grupo e a equipe”, diz a terapeuta ocupacional da Secretaria Municipal de Saúde, Andrea Mileski. O produto é o resultado final desse acompanhamento. 

Cristine Rochol/PMPA

“Aprender coisas novas tem sido muito bom, como as aulas para criar bonecas abayomi”, conta Aline. “Venho aos encontros com bastante prazer, é muito bacana ver o material ficar pronto”, comemora. Criada para as crianças na época da escravidão, a boneca abayomi era confeccionada pelas mulheres negras com pedaços de saias, único pano encontrado nos navios negreiros, para acalmar e trazer alegria.

Conforme a estagiária em psicologia Roberta Araújo, o grupo tem se envolvido no aprendizado e no contato com os demais. “É visível o crescimento deles, que estão empenhados em participar, respeitando os limites de cada um”, afirma. “Pelo menos por algumas horas do dia eles conseguem esquecer a rua e se soltar, trocar ideias e falar do que têm vontade”, comenta Roberta. Isso faz parte de uma das diretrizes da Área Técnica de Saúde da População em Situação de Rua da SMS, que é a afirmação da Política de Redução de Danos.

No Centro de Saúde Santa Marta, os integrantes da oficina têm acesso direto a serviços de saúde, uma forma de fortalecer o vínculo com essa população. O acompanhamento é realizado em conjunto com outros serviços, como os Centros de Atenção Psicossocial e equipes de Assistência Social. Para o próximo ano, a ideia é levar o modelo da oficina a outras regiões da cidade.