Porto Alegre mantém coeficiente de mortalidade infantil abaixo da média estadual e nacional
O coeficiente de mortalidade infantil (CMI) de Porto Alegre segue abaixo de dois dígitos e inferior às médias do Rio Grande do Sul e do Brasil. Em 2024, o município registrou 8,9 óbitos de menores de um ano para cada mil nascidos vivos, enquanto o Estado apresentou 9,68 e o país, 12,6.
Os dados integram o Boletim de Mortalidade Infantil 2024, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Segundo o levantamento, o índice da Capital tem se mantido estável e próximo à meta pactuada — que é manter o CMI abaixo de 8,5 até 2025.
Apesar do desempenho positivo, o boletim aponta desafios importantes. Entre eles, dez casos de óbito por risco não especificado à respiração, associados ao sono do bebê, reforçando a necessidade de campanhas permanentes sobre sono seguro.
A análise também evidencia desigualdades raciais e sociais: o coeficiente entre crianças negras (pretas e pardas) foi de 11,6, enquanto entre brancas ficou em 7,6. As afecções originadas no período perinatal - que concentram mais da metade dos óbitos - seguem como principal causa, indicando a necessidade de qualificação do pré-natal e da assistência ao parto.
O estudo mostra ainda aumento de óbitos nos meses de agosto e setembro de 2024, período posterior às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o que pode ter dificultado o acesso das gestantes ao acompanhamento pré-natal.
“O boletim mostra que Porto Alegre vem mantendo um bom desempenho, com taxa inferior à média estadual e nacional, mas também reforça que precisamos seguir atentos aos fatores que ainda impactam a mortalidade infantil e as desigualdades”, explica Paula Picon, pediatra da área técnica da Saúde da Criança da SMS.
A médica acrescenta que a maioria dos óbitos é considerada evitável e está relacionada a questões do pré-natal, parto e primeiros dias de vida. “Por isso, é fundamental garantir o acesso e a qualidade do cuidado à gestante e ao recém-nascido, além de fortalecer ações de orientação sobre o sono seguro e o acompanhamento familiar”, complementa.
O Comitê de Investigação da Mortalidade Infantil e Fetal de Porto Alegre investiga 100% dos casos ocorridos no município, identificando causas evitáveis e propondo ações de melhoria na rede de atenção à saúde materno-infantil.
Bianca Dilly