Mateus Raugust / PMPA

Propor alternativas de enfrentamento à violência pela abordagem da saúde pública está entre os assuntos tratados nesta quinta-feira, 4, no 1º Seminário Municipal de Prevenção às Violências de Porto Alegre. A abertura ocorreu pela manhã, com a participação de autoridades, no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul (fotos). A promoção é da prefeitura e envolve diversas secretarias, com apoio do Ministério Público do RS e do Consulado Geral dos EUA em Porto Alegre.

No primeiro painel, o coordenador do grupo de trabalho da prefeitura dedicado ao tema, João Eduardo Reymunde, apresentou a proposta de criação do Escritório de Prevenção à Violência, programa multissetorial colaborativo a ser desenvolvido por diversas secretarias e órgãos municipais, com a participação da população, a partir de uma agenda cidadã.

Para o prefeito Sebastião Melo, o mais importante é que os temas discutidos durante o seminário resultem em atitudes concretas contra a violência. "O poder público não tem como estar em todas as casas, mas o trabalho integrado com a sociedade pode ser muito efetivo para reduzir crimes e agressões. O combate à pobreza é indiscutivelmente o melhor caminho para se implementar políticas de prevenção", enfatiza. Outro ponto defendido pelo prefeito é trabalhar em mais ações de conscientização com jovens, responsabilidade parental, contra a evasão escolar e por melhorias na qualidade do ensino.

Mateus Raugust / PMPA

O secretário municipal de Saúde, Mauro Sparta, destaca a importância do debate sobre o tema. "Os dados de levantamentos mensais demonstram a necessidade de geração de políticas intersecretarias que tratem de abranger essa área", ressalta. Também participaram da mesa de abertura o diretor de segurança do Consulado-geral dos Estados Unidos da América em Porto Alegre, Davis Wallentine, o procurador-geral de Justiça do RS, Marcelo Dornelles, além de outras autoridades.

Prevenção – Porto Alegre registrou 13.536 casos de violência em cinco anos (2017 a 2021), dos quais 9.382 com vítimas do sexo feminino. No mesmo período, ocorreram 2.110 homicídios. A taxa de mortalidade por homicídio é de 21,99 óbitos a cada 100 mil habitantes. “Isso impacta na vida pessoal e econômica da cidade. Por incidirem com frequência no grupo de adolescentes e jovens adultos, as violências são responsáveis pelo maior número de anos potenciais de vidas perdidas, retirando uma grande quantidade de pessoas em idade economicamente ativa do mercado de trabalho”, afirma  o coordenador João Eduardo Reymunde. 

Entre os pressupostos assumidos no grupo de trabalho da prefeitura, há dez meses em funcionamento, está que a violência pode ser previsível e, portanto, evitável. Também destaca a importância da abordagem de saúde pública, pois é interdisciplinar e científica, a partir do conhecimento de diferentes áreas, como medicina, epidemiologia, sociologia, psicologia, educação, criminologia, economia, cultura, entre outros, enfatizando a ação coletiva em cada um desses campos.

O Escritório de Prevenção à Violência da Capital deverá articular e promover ações integradas estratégicas na interrupção, prevenção e atendimento às pessoas em situação ou vítimas da violência, a partir da escola, começando pelas regiões e expandindo para toda a cidade. A ideia é reduzir a sensação de insegurança.

Com apresentações de especialistas locais, nacionais e internacionais, a programação prossegue durante a tarde e continua na sexta-feira, 5, das 9h às 18h, debatendo temas como enfrentamento à violência contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos, racismo e boas práticas comunitárias, além de conceitos, notificações e estratégias de prevenção. Confira a programação completa no link.

O evento é coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com a participação das secretarias de Educação, Segurança, Desenvolvimento Social, Planejamento e Assuntos Estratégicos, Esporte, Lazer e Juventude e Governança Local.