Saúde alerta para redução de pacientes em tratamento da hepatite C e importância da testagem
Porto Alegre é a capital do país com maior incidência de hepatite C, segundo dados do Ministério da Saúde, com 47,2 casos por 100 mil habitantes em 2020. Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alerta para a importância de buscar a testagem rápida, disponível para toda a população em 134 unidades de saúde e no Serviço de Atendimento Especializado Santa Marta (SAE), localizado na rua Capitão Montanha, 27. Com a pandemia de Covid-19, a Coordenação de Atenção a Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids, Hepatites Virais e Tuberculose da SMS identificou redução na testagem e, consequentemente, em cerca de 80% dos encaminhamentos para tratamento do tipo C (DataSUS/janeiro 2020 a janeiro 2021).
Entre as medidas para contornar esse quadro, a cidade colocou como meta no Plano Municipal de Saúde aumentar o número de pacientes em tratamento para eliminar as hepatites virais até 2030. Dessa forma, a Capital vai ao encontro de instituições como a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde, que já haviam estabelecido essa meta para a hepatite C, diminuindo o número de mortes, transplantes de fígado e hepatocarcinoma, que é um tipo de câncer no fígado.
A hepatite provocada pelo vírus C tem maior chance de se tornar crônica, caracterizando-se como um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. “Um dos grandes desafios mundiais é aumentar a taxa de diagnóstico e facilitar o acesso da população aos serviços de saúde”, comenta o hepatologista da SMS, Eduardo Emerim. De acordo com o médico, hoje a terapia é altamente eficaz e segura, com potencial de cura acima de 90%.
Além disso, o tempo de tratamento reduziu consideravelmente, de um ano para três meses, na maioria dos casos. Emerim, no entanto, faz um alerta. “É fundamental que as pessoas façam o teste, especialmente quem tem acima de 40 anos”, afirma. A transmissão do vírus da hepatite C ocorre pelo contato com sangue contaminado, seja por transfusão ou objetos contaminados, e com o uso de drogas injetáveis. A transmissão vertical (da mãe para o bebê) é rara, cerca de 5%, e ocorre no momento do parto.
Apesar da alta incidência de hepatite C, antes da pandemia Porto Alegre era a segunda capital que mais tratava pacientes com a doença, atrás apenas de São Paulo. “A ideia é assumir novamente esse posto e qualificar ainda mais o acesso ao tratamento”, garante Emerim. A partir de 2022, o medicamento será distribuído pelo município, facilitando o acesso dos pacientes ao tratamento.
Público prioritário para testagem - Pessoas acima de 40 anos, portadores de diabetes e pessoas que tiveram exposição a sangue e derivados, seja por transfusão de sangue antes de 1993, hemodiálise, uso de drogas ou procedimentos estéticos como piercing e tatuagem.
Dados - O boletim epidemiológico de hepatites virais do Ministério da Saúde com dados de 2020 mostra que a Porto Alegre segue como primeira no ranking com as maiores taxas de detecção de hepatite C e também está entre as nove capitais com taxas superiores à nacional, de 4,4 casos por 100 mil habitantes: Porto Alegre-RS (47,2 casos por 100 mil habitantes), seguida de Curitiba-PR (11,9), Boa Vista-RR (11,0), São Paulo-SP (9,6), Rio Branco-AC (8,5), Florianópolis-SC (8,3), Cuiabá-MT (6,0), Manaus-AM (5,4) e Porto Velho-RO (5,0).
No caso da hepatite B, dez capitais apresentaram taxa de detecção superior à do país (2,9 casos por 100 mil habitantes). Destacam-se Boa Vista, com taxa de 15,7 casos por 100 mil habitantes, e Porto Alegre, com 10,5 casos por 100 mil habitantes. Já com relação à hepatite A, cinco capitais apresentaram apenas um caso notificado, com taxa de 0,1 por 100 mil habitantes: Belém-PA, Belo Horizonte-MG, Florianópolis-SC, Porto Alegre-RS e Fortaleza-CE.
Fabiana Kloeckner