Cristine Rochol/PMPA

A médica residente em pediatria, Letícia Schneider, entrou no quarto, apagou as luzes e apontou uma lanterninha para os olhos da pequena Elóah Oliveira da Silva. Parece estranho, mas esse é o procedimento correto para realizar o Teste do Reflexo Vermelho (TRV), também conhecido como “Teste do Olhinho”.  

No Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, celebrado nesta segunda, 13, a Secretaria Municipal de Saúde ressalta a importância do exame para detectar precocemente doenças que podem estar associadas à cegueira. Na rede municipal de saúde, é realizado em recém-nascidos do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV). “Eu nunca tinha ouvido falar nessa avaliação, mas fico extremamente feliz de saber que não apareceu alteração no exame de minha filha”, afirma Amanda Oliveira Ricardo, mãe da recém-nascida.

Conforme a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, a médica pediatra neonatologista, Izabelle Obando Matos, o exame, obrigatório na rede pública, deve ser realizado até a alta do bebê na maternidade. “O oftalmoscópio, objeto semelhante a uma lanterna, projeta luz nos olhos da criança e revela se existe ou não alteração. Quando o reflexo vermelho está ausente em um dos olhos ou nos dois, ou é duvidoso ou esbranquiçado, significa que o recém-nascido possui alguma alteração e deve ser encaminhado ao oftalmologista”, conclui Izabelle.  

Após a detecção do problema, o bebê é encaminhado ao oftalmologista para avaliação completa. “O teste não exige a presença de um oftalmologista. A ideia é que os próprios pediatras façam essa triagem inicial. Se detectarem algo suspeito, aí sim devem procurar apoio dos médicos especialistas”, completa a coordenadora da UTI Neonatal.

O diagnóstico e tratamento precoce de patologias oftalmológicas podem reduzir as chances de perda de visão. Segundo Izabelle, em um período de um ano foram realizados 2,8 mil testes em todos os recém-nascidos que tiveram alta do HMIPV. 

“As principais patologias diagnosticadas no teste são a catarata congênita, glaucoma congênito, retinoblastoma- um câncer mais comum na infância- doenças inflamatórias e doenças que causam opacidade dos meios oculares”, pontua o médico oftalmologista do HMIPV, Marcelo Bittencourt.

O oftalmologista acrescenta que atualmente é indicado um primeiro exame oftalmológico de rotina com 6 meses de idade mesmo nos recém-nascidos que têm o teste do reflexo vermelho normal, pois há outras patologias menos urgentes que o TRV não detecta. Além disso, os pais devem estar atentos a sinais de problemas de visão. Nas fotos com flash podem aparecer manchas escuras ou esbranquiçadas naquele reflexo avermelhado ou mesmo a ausência do reflexo, alterações essas que indicam alguma patologia”, afirma.