Vigilância em Saúde divulga boletim sobre saúde da população negra
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) divulga nesta quinta-feira, 30, novo boletim epidemiológico da população negra residente na Capital. Os dados são referentes a 2022. A primeira edição foi lançada em 2021.
As equipes da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) analisam os principais dados epidemiológicos sobre o público, com utilização de recortes de raça/cor e sexo para os dados de nascimentos e óbitos, além de apresentar informações sobre a ocorrência de doenças transmissíveis e doenças e agravos não transmissíveis entre a população negra porto-alegrense.
Porto Alegre tem 20,2% da população autodeclarada negra (10,2% pretos e 10% pardos). Em 2022, nasceram 13.663 crianças residentes em Porto Alegre, das quais 30,4% são filhas de mães negras, indicando desigualdade na incidência de gestações entre mulheres negras e não negras e estabilidade em relação ao ano anterior. Se analisados os partos realizados na cidade, os das mulheres negras ocorrem predominantemente em hospitais 100% SUS (60,3%), e os distritos sanitários com maior proporção de mães negras são Restinga (47,8%), Nordeste (43,7%), Cruzeiro (40,3%) e Partenon (30,4%) e Lomba do Pinheiro (39%).
A maior proporção de mães negras de nascidos vivos em 2022 apresentou idade entre 20-29 anos e até 11 anos de estudo, repetindo o dado de 2021. Dentre os óbitos por faixa etária e raça/cor, crianças negras corresponderam a 46,7% dos óbitos na faixa etária de 5 a 9 anos. O percentual de óbitos de pessoas negras permanece alto até os 59 anos, evidenciando a mortalidade precoce a que está submetido este público.
Óbitos - As maiores proporções de óbitos de pessoas negras estão nos óbitos por causas externas (23,7%), por doenças infecciosas e parasitárias (23,4%) e por transtornos mentais e comportamentais (22,7%). Os homicídios são as principais causas de morte por causas externas entre pessoas negras, seguido das mortes por acidentes de trânsito.
Entre as gestantes HIV, as negras representam mais de 40% de todos os casos. A taxa de detecção de sífilis adquirida na população negra (157,1) é mais que o dobro da taxa na população branca (65,5), e o percentual de gestantes com sífilis na população negra permanece alto.
Covid-19 - Novos casos de tuberculose e de hanseníase também são identificados em maior proporção entre a população negra, o mesmo acontecendo em relação à hepatite B e C. Como apresentado no boletim de 2022, o grande percentual de pessoas sem informação de raça/cor nos sistemas de notificação de casos de Covid-19 impossibilitou análises sobre a abrangência da pandemia na população negra. As faixas etárias mais acometidas pela Covid-19 na população negra foram aquelas referentes à idade economicamente ativa (de 21 a 60 anos).
Além de apresentar os dados, o boletim traz perspectivas futuras, como o anúncio do desenvolvimento da vigilância da anemia falciforme já a partir de 2024. A diretora-adjunta da DVS, Juliana Pinto, explica que a publicação surge da necessidade de subsidiar as políticas públicas em saúde voltadas para a população negra e corrige distorções epidemiológicas que estão mascaradas pela discrepância na composição da população da cidade historicamente. “Conhecer os dados contribui para que possamos atuar na proteção da vida desses grupos, melhorando a qualidade de vida de toda a cidade”, frisa a diretora.
Lissandra Mendonça