Participantes de congresso vivenciam experiências educadoras em rotas espalhadas pela cidade 

30/11/2022 12:32
Divulgação/SMTC/PMPA
Transparência e Controladoria
Artesanato produzido pelas famílias que vivem na aldeia Anhetenguá, na Lomba do Pinheiro

O público inscrito no 1° Congresso Porto Alegre Cidade Educadora vivenciou na tarde de terça-feira, 29, diferentes práticas educativas. Cada participante escolheu um dos nove percursos, disponíveis nas seis rotas espalhadas pela cidade: Rota das Comunidades, Rota das Escolas (Protagonismo Estudantil), Rota da Inovação, Rota Mobilidade Humana, Rota dos Museus e Rota Territórios Negros, com deslocamentos pelo Centro Histórico, Ilha da Pintada, Lomba do Pinheiro, Morro da Cruz, 4º Distrito e Vila Planetário.

“As vivências educadoras foram o diferencial deste congresso, propiciando enriquecimento e aprendizado aos participantes. Além da teoria, é necessário que incentivemos os encontros, a valorização do saber das comunidades e a prática da escuta”, destacou a diretora de Transparência da Secretaria Municipal de Transparência e Controladoria (SMTC), Cátia Lara Martins. 

Rota das Comunidades: Lomba do Pinheiro - Em um passeio de ônibus, organizado pela coordenadora do GT Primeiros Passos, Susanna Schwantes, um grupo pequeno participou do percurso até a Lomba do Pinheiro. A visita, guiada pelo morador da região e integrante do Instituto Popular de Arte-Educação (Ipdae), Northon Santos, teve como destinos a horta-comunitária, aldeia Anhetenguá - Comunidade Mbyá-Guarani e Ipdae. "Precisamos respeitar as comunidades e escutar as suas necessidades. Com a convivência, aprendemos muito mais do que ensinamos", disse Susanna Schwantes       

Na primeira parada os participantes puderam conhecer a horta-comunitária, que produz alimentos e ervas medicinais através da agroecologia. “Não usamos agrotóxicos. Aqui quem colhe também planta e vice-versa. Este local integra a comunidade”, destaca Lurdes Agatha Guidone, uma das coordenadoras do espaço. 

Logo após, o grupo seguiu até a aldeia Anhetenguá - Comunidade Mbyá-Guarani. Na aldeia, 20 famílias têm como principal atividade o artesanato, que é comercializado em locais como o Centro de Porto Alegre e o Brique da Redenção. De acordo com o cacique José Cirilo Morinico, a renda obtida com esta prática muitas vezes não é suficiente. “Gostaríamos que mais pessoas conhecessem a nossa região e a nossa luta”, pontua o cacique.
     
O último local visitado pelo grupo foi o Ipdae, organização da sociedade civil que incentiva a arte por meio da leitura e da  música. “Ampliamos nossos horizontes e desenvolvemos nossas potencialidades”, acrescenta o guia Northon Santos, que estuda canto lírico no local.  

Rota das Comunidades: Morro da Cruz - A visita ao Morro da Cruz buscou resgatar a importância histórica do local com um percurso com paradas em locais destacados da comunidade. O percurso educador foi guiada pelo líder da comunidade e historiador periférico Clovis Marques.

A primeira parada do percurso foi na Paróquia São Jorge, uma das igrejas mais frequentadas da Capital, partindo para o Colégio Murialdo de Porto Alegre, localizado na Vila São José, onde foi realizado um tour por toda a estrutura da instituição.

O destino seguinte foi no Campo da Tuca, local que data de 1960, seguindo a caminhada até o Arroio Moinho. O percurso seguiu até a ONG Coletivo Autônomo, onde os alunos do projeto estavam em oficina de empreendedorismo.

Após a parada, o grupo partiu em caminhada pelo famoso Beco das Pedras, chegando à biblioteca comunitária Ilê Ará, a única da comunidade, e a igreja Santa Cruz, em frente ao mirante do Morro da Cruz. O grupo então foi até o espaço Morro da Cruz Agência Formô, onde conheceu o projeto Turismo Periférico, que busca mostrar as belezas e fomentar a inovação na comunidade. A rota foi encerrada em uma subida até a Associação Mulheres Maria da Glória Horta Comunitária, que fornece almoço comunitário a moradores do Morro da Cruz.

O historiador periférico, Clovis Marques, que guiou toda a trajetória da Rota da Cidade Educadora do Morro da Cruz, destacou a importância do projeto para trazer visibilidade e contar a história do local. "É um prazer mostrar a comunidade e as nossas dificuldades junto a tantos projetos que envolvem várias famílias. As histórias da nossa comunidade, como todas as comunidades periféricas do nosso Estado, tem muito a ganhar com o Congresso Porto Alegre Cidade Educadora. A cada novo amanhecer, nasce um novo beco, uma nova cerca é esticada, acontece uma nova viela. A educação abre portas e janelas, traz oportunidades, proporcionando que essa população mais carente possa crescer de forma ordenada e com toda infraestrutura que merece", afirma Clovis.

Rota Territórios Negros - O percurso por lugares de presença negra partiu do Largo Zumbi dos Palmares. O objetivo é conhecer a história e ressignificar narrativas e imaginários. Segundo a guia Daniele Vieira, o roteiro mostra a presença negra em diversos âmbitos, para que tenhamos outras histórias para além da escravidão, para além da segregação no espaço urbano.

Em cada uma das cinco paradas, ela explicava para o grupo sobre a participação da comunidade negra, a sua presença em diversos pontos e suas conquista. "No século 19, antes da abolição da escravatura no país, cerca de 40% das cartas de alforria haviam sido compradas pelos próprios escravos", disse.

A professora dos Anos Iniciais da Emef Ana Iris do Amaral, Fernanda Gerhardt de Barcelos, participou da rota para aliar a teoria que conhece dos livros com a prática. “Temos muitos projetos para desenvolver, mas é essencial ter a vivência para levar aos estudantes”, afirma.

Segundo a professora de Língua Portuguesa da Emef Vereador Antônio Giudice, Viviane Jacobini, o percurso mostrou um lado da história que ela não conhecia. “Daqui eu vou levar para os alunos a origem do negro. Permitir que eles conheçam não só as mazelas, mas os méritos também”, destacou. Ela compartilhou uma teoria sobre os lanceiros negros. “Eles são os primeiros super-heróis negros do Rio Grande do Sul, porque mesmo sem proteção eles defendiam e avançaram na batalha”, explica.

Rota dos Museus - Em um percurso a pé de pouco mais de duas horas, um grupo de cerca de 20 pessoas participou da Rota dos Museus. Segundo a coordenadora da Rede Educativa de Museus e Instituições Culturais de Porto Alegre, Júlia Burger, que coordenou o passeio, a proposta é contribuir com a formação cultural dos cidadãos. “Queremos ajudar as pessoas a enxergarem aquilo que já existe de bonito e interessante na cidade e tenham uma experiência educativa que lhes proporcione mais inclusão”, acentua.

O ponto de partida foi o Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (av. Osvaldo Aranha, 377), onde, atualmente, está em exposição a Mostra itinerante Guarani Mbyá, dos fotógrafos Vherá Poty e Danilo Christidis. Eles passaram sete anos fotografando em 15 aldeias guaranis no Rio Grande do Sul e o resultado é o de dezenas de registros marcantes do cotidiano indígena.

A educadora Tati Suarez realiza oficinas com crianças e avaliou como muito proveitosa a participação na rota. “É exercitar um novo olhar sobre nossos museus e daí construir ideias criativas para transmitir aos alunos”, afirma. Depois, o grupo foi para o Centro Histórico Cultural da Santa Casa (av. Independência, 75 – Independência), onde conheceu a memória do hospital, fundado em 1803, equipamentos médicos antigos, como aplicadores de vacina e kits de bisturis, e ainda outras preciosidades, como a reprodução da Casa da Roda que funcionava no hospital, onde bebês eram deixados para adoção.

Mais adiante, os participantes visitaram o Museu Júlio de Castilhos (av. Duque de Caxias, 1205 – Centro Histórico), o mais antigo do Estado, que guarda parte da história de fatos políticos e sociais relevantes. Documentos, réplicas do navio transatlântico Lloyd brasileiro, de vestimentas de época e até uma carruagem pertencente a governos passados adornam o espaço do museu.

Dali, a Rota foi para o último local do percurso, em direção à Pinacoteca Rubem Berta (av. Duque de Caxias, 973), instalada em um casarão que é patrimônio cultural da cidade.

Rota Mobilidade Humana - A professora Cristiane Andrade participou da Rota da Mobilidade Humana. O percurso passa pela Sede Operacional da Sinalização Viária e Mobiliário Urbano, onde fica a fábrica de placas da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). No local são realizadas as manutenções e reciclagens da sinalização viária da Capital. Além disso, visitou a Central de Controle e Monitoramento da Mobilidade, onde agentes trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, encaminhando as ocorrências registradas nas ruas. Cristiane destacou que pretende aproveitar o passeio para pensar alguma atividade para seus alunos, do segundo e terceiro ano do Ensino Médio. “Queria ter um olhar diferente sobre a cidade para colocar em uma atividade em sala de aula. Adorei o passeio”, destacou a professora.


 

Cláudia Fleury, Eduarda Alcaraz, Maria Emília Portela, Murilo Fraga, Gustavo Roth, Gabriela Duarte e Ivani Schütz

Fabiana Kloeckner

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