Dmae atualiza situação da drenagem após temporal
A forte chuva que atingiu Porto Alegre na tarde de quarta-feira, 26, afetou grande parte das regiões da cidade. Em cerca de 2h30 foram registrados quase 50 milímetros de chuva e as redes pluviais da cidade não deram vencimento e vazão ao grande volume de água em pouco tempo, causando alagamentos. Alguns dos bairros mais atingidos estão localizados nas regiões Centro e Sul, como Santana, Azenha, Menino Deus, Praia de Belas e parte baixa de Santa Tereza.
As redes pluviais da região dos bairros citados, na sua grande maioria, escoam em direção ao arroio Dilúvio - que deságua no Guaíba. Com o nível alto do Dilúvio, que chegou a extravasar, a água captada pelas redes pluviais nas ruas não teve por onde escoar e a situação só normalizou com a baixa do nível do arroio. Na região, ao menos seis Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) drenam as águas das chuvas. Três delas, bombeiam a água direto no arroio Dilúvio - sendo duas localizadas na avenida Ipiranga, 906 e 1337 (Ebaps nºs 14 e 15), e na Jacinto Gomes, 733 (Ebap nº 19), localizada na vila Santa Terezinha.
No momento da chuva, por volta das 17h, a casa de bombas da Jacinto Gomes parou devido à falta de energia elétrica. A luz retornou à noite, quando o bombeamento foi retomado. O restante das estações estava em funcionamento, mas teve dificuldades em bombear a água para o Dilúvio que estava muito cheio. Em outros pontos da cidade, apenas a Ebap de número 8, que atende a região da Vila Farrapos, na Zona Norte, parou por falta de energia elétrica.
Na tentativa de minimizar os impactos das chuvas e aumentar a vazão das águas, deve começar neste primeiro trimestre a dragagem do arroio Dilúvio. O Dmae também esclarece que realiza periodicamente a limpeza de bocas de lobo e desobstrução das redes pluviais e conta com o auxílio da população para que não joguem lixo nas ruas. O lixo entra nas redes pluviais e causa entupimento, piorando as situações de alagamentos.
Investimentos - É conhecido o déficit do sistema de drenagem, com investimentos que deixaram de ser feitos nas últimas décadas. Para tornar o sistema mais próximo do ideal, estima-se a necessidade de mais de R$ 2 bilhões. Até 2017, a drenagem era de responsabilidade do extinto DEP. Os serviços pluviais passaram aos cuidados do Dmae em 2019 e as obras em 2021. No último ano, o Dmae investiu cerca de R$ 100 milhões nas redes pluviais. Para 2022, estão previstos ao menos R$ 40 milhões na dragagem dos arroios, automação e melhorias nas casas de bombas e serviços de limpeza e reconstrução de redes de drenagem em toda a cidade. Aliados aos valores aplicados em serviços de drenagem, também estão os investimentos de R$ 108 milhões nas obras de macrodrenagem do Arroio Areia, que atenderão 14 bairros das zonas Leste e Norte da Capital.
Geradores - Em conjunto com a CEEE Equatorial, o Dmae estuda alternativas aos geradores. Uma delas é transformar as entradas de energia elétrica das estações de 13,8 KV (atuais) para 69 Kv, que são linhas mais estáveis. O Departamento esclarece que possui ao menos 169 estações, desde captação, tratamento e bombeamento de água, de esgoto sanitário e de esgoto pluvial. Estas estações possuem potência instalada variando de 150 kVA a 4000 kVA. Qualquer uma destas instalações falhando por falta de energia elétrica produz transtornos para a comunidade, em maior ou menor escala.
Para que houvesse "garantia" de que não haveria interrupção dos serviços do Dmae em função da falta de energia, seria necessário que a autarquia adquirisse cerca de 350 grupos geradores, com investimento superior a R$ 100 milhões. Além disso, precisaria contratar equipe especializada para realizar a operação e manutenção dos equipamentos e licença ambiental para acondicionamento de combustível (diesel). Também haveria necessidade de ampliar o espaço das estações para comportar os geradores de grande tamanho, e compreensão da população quanto ao barulho e odor produzido pelos equipamentos.
Veja aqui mais informações sobre problemas no abastecimento de água ocorridas durante o temporal.
Gilmar Martins