Artigo: SUS do Transporte: tarifa justa e melhor serviço
Sair de casa cedo para trabalhar e voltar tarde, dependendo do transporte coletivo para se deslocar de bairros periféricos ao centro das grandes cidades é a realidade de milhões de brasileiros. O que infelizmente não veio para a vida real é o comprometimento de todas as esferas na busca de soluções para qualificar o atendimento ao cidadão, com uma tarifa que caiba no bolso dos usuários.
Em Porto Alegre, é com esses cidadãos que nos preocupamos quando começamos a enfrentar a crise do transporte ainda no inÃcio da gestão, em 2021. O sistema faliu antes e consolidou sua insuficiência durante a pandemia. Com a queda brusca no volume de passageiros, o avanço do transporte por aplicativos, a baixa qualidade e a crise impactando nos insumos, tÃnhamos um cenário muito difÃcil.
Para reverter essa balança, adotamos um conjunto de medidas. Enfrentamos o debate para reduzir as isenções, os cobradores e os passes livres. Em 2022, mantivemos a tarifa em R$ 4,80, sem aumento. Mas quando falamos de transporte, não é só o valor que faz diferença na vida do estudante ou do trabalhador. A qualidade é primordial.
No programa Mais Transporte, conseguimos entregar avanços - que sabemos serem ainda insuficientes. Mas é importante informar que honramos o compromisso de ampliar linhas, aumentar mais de 1,3 mil viagens nos dias úteis e fortalecer o transporte nas noites e madrugadas. Em busca de melhorar a espera, até o final do ano aumentaremos 3 mil viagens por semana. Também incluiremos 200 novos ônibus com ar-condicionado na frota até dezembro, sendo 120 já entregues.
Com muito esforço, pelo segundo ano consecutivo, está mantido o valor de 2021, R$ 4,80. Para não onerar ainda mais quem paga a passagem, será necessário o municÃpio arcar com R$ 104 milhões correspondentes a 54% das isenções e gratuidades. Uma escolha difÃcil - pois são finitos os recursos públicos e infinitas as demandas da cidade -, mas tomada com foco no interesse de quem batalha todos os dias e anda de ônibus porque precisa.
Não vamos parar por aqui. Em BrasÃlia está um caminho de baixar a tarifa para R$ 4, se o governo federal arcar com os R$ 85 milhões referentes à isenção dos idosos 65, prevista em lei federal. Dividir responsabilidades e buscar financiamento para qualificar os modais são nossas bandeiras. Tarifa justa e serviço de qualidade não podem ser preocupações apenas dos municÃpios.
Sebastião Melo
Prefeito de Porto Alegre
Artigo publicado na edição de 17 de abril do Jornal do Comércio
Lissandra Mendonça