Serviços e comércio foram os que mais perderam postos de trabalho com restrições de circulação e atividades

26/03/2021 15:30
Alex Rocha/PMPA
EXECUTIVO
Estudo foi apresentado nesta sexta-feira

A equipe de economistas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET) analisou os dados estatísticos dos impactos da pandemia nos setores classificados como não-essenciais, de acordo com o Modelo de Distanciamento Controlado do Governo do Estado, e segmentos vulneráveis. O resultado está na nota técnica “A economia dos setores não-essenciais em Porto Alegre”, apresentado nesta sexta-feira, 26, pelo vice-prefeito Ricardo Gomes.

Segundo o estudo inicial, os mais atingidos pelas restrições na capital são a população de baixa renda e com menos escolaridade. Destaca-se os micros e pequenos negócios, responsáveis por mais da metade dos empregos formais, como os mais prejudicados pelas restrições de atividades econômicas. De março do ano passado a janeiro de 2021, Porto Alegre perdeu 17 mil empregos formais. Destes, 55% eram mulheres. Já no mercado informal, o impacto foi ainda maior, com menos 77 mil empregos na região metropolitana. A renda da população caiu 11,8%.

Outro dado relevante é de que, das empresas que conseguiram se manter mesmo na crise, 47% ainda têm dificuldade em manter os negócios. “Os números mostram que as restrições ao comércio aumentam o desemprego. Para evitar contaminações na pandemia, é essencial respeitar protocolos, permitindo que o comércio atue dentro das regras”, afirma o prefeito Sebastião Melo. Ele lembra que em 9 de janeiro a prefeitura publicou o decreto 20.891 com os novos protocolos sanitários gerais e setorizados para o funcionamento de atividades. As regras foram definidas com base em orientações da Diretoria de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, após amplo diálogo com diversos setores da sociedade.

Segundo o vice-prefeito, o estudo é inédito, pois traz dados sobre a situação econômica da cidade, com destaque para os setores mais afetados pelas restrições de funcionamento, que se estendem por mais de um ano. “Defendemos que saúde e economia andam juntas e este relatório comprova que os setores classificados como não-essenciais são fundamentais para o funcionamento da economia. O volume de empregos e a significativa massa salarial geradas são pilares da vida da cidade”, ressalta Gomes.

A análise foi feita com base em informações do Cadastro Único (CadÚnico), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), entre outros.

Um dos setores com maiores restrições de funcionamento devido às regras estabelecidas pelo Estado é o de comércio e reparação de veículos, que emprega 92.667 trabalhadores em Porto Alegre. Em segundo lugar, aparece o de alojamento e alimentação, responsável pelo emprego de 25.661 porto-alegrense. Os dois setores, somados, correspondem a 36,06% do total dos empregos formais do município. De acordo com dados do Caged, de março de 2020 a janeiro de 2021, os setores de serviços e comércio foram os que mais perderam postos de trabalho, com saldo de negativo de 12.493.

Micro e pequenos - O abre fecha do comércio gera impactos ainda mais negativos para micros e pequenos empreendedores. Com maiores restrições financeiras, seja pela dificuldade de obtenção de crédito, ou pela ausência de recursos próprios, muitos fecharam as portas neste último ano. Hoje, mais da metade dos empregos formais (51,74%) concentram-se em micro e pequenas empresas.

Mulheres - Os economistas da SMDET cruzaram informações do CadÚnico - banco de dados que registra pessoas e famílias que participam ou desejam participar de algum programa social, como Bolsa Família, com a base da Sala do Empreendedor da prefeitura. A análise mostra que das 7.069 Microempreendedores Individuais (MEIs) registradas na cidade, 62,24% são formadas por mulheres. A principal atividade exercida por elas é a de cabeleireiros e outras ligadas ao tratamento de beleza. Além dos prejuízos financeiros causados pela crise, muitas enfrentam a falta de um local seguro para deixar os filhos. O fechamento das escolas é outro motivo de preocupação para milhares de mães, que muitas vezes têm que recorrer aos avós, principal grupo de risco da Covid-19, para cuidar das crianças.

* A análise foi realizada pelos servidores Daniel Vancin e Sebastião Ventura Felipe Garcia Ribeiro, Guilherme Stein e Marcelo Ayub.

Acesse aqui o estudo completo.

Lissandra Mendonça e Manoela Tomasi

Fabiana Kloeckner