Sérgio Louruz/SMAMS PMPA

O webinar Planejamento Urbano e Mudanças Climáticas, transmitido ao vivo pelo Canal da Prefeitura no Youtube, na manhã desta sexta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, teve público médio de 90 pessoas. Ao longo das cerca de 2 horas e 30 minutos do seminário on-line, a principal atividade da 36ª Semana do Meio Ambiente de Porto Alegre chegou a ter 122 acessos simultâneos de interessados em acompanhar referências nacionais e internacionais na temática proposta.

Ao abrir o evento, o secretário municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade, Germano Bremm, enumerou medidas que estão sendo adotadas pela prefeitura sobre o tema. “Cerca de 75% das emissões de carbono no mundo ocorrem nas cidades. Ou seja, não há dúvida de que as soluções para a mitigação das mudanças climática passa pelos municípios. A Smams (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade), que tem entre suas atribuições a política ambiental e o planejamento urbano, tem uma grande oportunidade de integrar essas políticas e construir um ordenamento jurídico mais atual ao longo da revisão do Plano Diretor”, diz Bremm.

O gerente de projetos do Iclei América Latina, Igor Reis de Albuquerque, explicou como a entidade atua junto aos governos locais, dando ênfase ao Pacto Global de Prefeitos pelo Clima, do qual Porto Alegre faz parte. “Temos uma agenda conjunta de mitigação e cooperação. Na América Latina, são 396 governos locais e, no Brasil, 111 cidades”, disse o mestre em Gestão de Carbono, acrescentando que Porto Alegre participa do Urban-LEDS II - Acelerando a Ação Climática por meio da Promoção de Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixas Emissões.

Na sequência, a urbanista e advogada Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, falou sobre reordenamento urbano. “O urbanismo não pode estar separado da questão ambiental. O Plano Diretor deve olhar para as populações mais carentes, que vivem em áreas de risco e promovem ocupação desordenada do solo urbano. Está tudo interligado”, sublinhou a ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Transporte urbano - Para defender a tese de que um planejamento efetivo de transporte urbano pode reduzir as emissões de gases de feito estufa (GEE) entre 20% e 50%, a pesquisadora titular aposentada do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Thelma Krug trouxe resultados de diversos estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organismo em que ela atua como vice-presidente. “O IPCC reúne estudos produzidos por diversos cientistas, com o objetivo de disseminar o conhecimento sobre as mudanças climáticas”, mencionou, ao ilustrar sua fala com dados e números.

Como reconciliar objetivos e práticas em relação às mudanças climáticas foi o foco da apresentação do arquiteto e urbanista especializado em habitação,  urbanização de favelas e gestão do desenvolvimento urbano Claudio Acioly Jr.. “As cidades produzem ¾ das emissões de GEE no mundo. Repensar cidades menores, mais compactas e conectadas as tornaria mais sustentáveis. Com distâncias menores, menos deslocamentos, menos uso de energia”, frisou.

Encerrando as palestras, o climatologista Carlos Nobre, um dos autores do IPPC AR4, trabalho premiado com o Nobel da Paz em 2007, destacou o desmatamento como grande responsável pelas emissões de GEE. “Todo o impacto do aquecimento global já existe. Vivemos extremos climáticos, com secas mais intensas, como as que vemos no Rio Grande do Sul, e chuvas mais fortes. Uma forma importante de mitigar essa realidade é o consumo responsável, quando nos recusamos a consumir produtos agrícolas que levem ao desmatamento, exigindo certificado de procedência”, defendeu.

Para acessar o conteúdo completo do webinar, que teve como mediadora a coordenadora da Unidade de Educação Ambiental da Smams, Cibele Carneiro, clique aqui.