Poa.hub impulsiona a inovação em Porto Alegre

24/02/2019 17:10
Eduardo Beleske/Arquivo PMPA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Espaço conta com coworking para 30 posições de trabalho

Em atividade há quase dois anos, o poa.hub - um ambiente de estímulo ao desenvolvimento de ideias inovadoras para Porto Alegre já atendeu a 118 startups. Lançado em março de 2017, durante as comemorações da Semana de Porto Alegre, o modelo já desperta interesse de outros estados. Localizado na avenida Azenha, 295, o espaço é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), a Companhia de Processamento de Dados do Município (Procempa) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). 

A estrutura, que já esteve em uso como um depósito da Procempa, conta com um coworking para 30 posições de trabalho e um ambiente de criatividade para a realização de diagnósticos e elaboração de propostas para resolução de problemas, utilizando metodologias como Design Thinking, e um laboratório de testes. Nesse último caso, a ideia é realizar estudos de viabilidade técnica de novas tecnologias para a cidade. 

Para o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o espaço de empreendedorismo e inovação que está à disposição da comunidade porto-alegrense vem ao encontro do posicionamento da administração que é o apoio à inovação e ao desenvolvimento, dentro da proposta de trabalho em rede para impulsionar Porto Alegre. Segundo ele, o poa.hub é um espaço caracterizado pela união de esforços, que cria sinergia entre as pessoas de diferentes áreas, potencializando e fortalecendo a ação criativa. 

O coordenador de Inovação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Roberto Astor Moschetta, destaca o trabalho do poa.hub para levar a cultura da inovação a um outro patamar, permitindo alavancar novos empreendimentos e negócios, gerando empregos e soluções para a cidade. “Na maior parte das vezes em que surgem dificuldades ou haja desconhecimento a respeito de problemas, a solução fica mais próxima quando se está conectado a vários outros empreendedores e inovadores como no poa.hub ”, destaca. 

Para o coordenador do poa.hub, Wagner Bergozza, o diferencial do espaço mantido pela prefeitura é a possibilidade de as empresas iniciarem a partir de uma ideia, a chamada “fase zero” do projeto, na qual, muitas vezes, existe somente a vontade de empreender e muitas iniciativas acabam não sendo executadas. “O nosso objetivo é ser um espaço de validação de ideias, as startups possam ter um local para estruturar o seu negócio. Por isso sempre digo que somos um espaço de fase zero, muito inicial, que contribui bastante com as trocas de conhecimento e networking”, explica Bergozza. 

“Os resultados obtidos em termos de geração de novos negócios da economia criativa demonstram o sucesso da iniciativa”, diz o diretor- presidente da Procempa, Paulo Miranda. A empresa é responsável pela infraestrutura e suporte tecnológico. 

Iniciativa que deu certo - Mais de 10% das iniciativas hospedadas no poa.hub, desde sua fundação, em março de 2017, cresceram e se deslocaram para espaços próprios ou foram adquiridas por empresas investidoras. Um exemplo é a startup Loop, um serviço de compartilhamento de bicicletas criada por um grupo de alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), e que ficou hospedada no ambiente do poa.hub durante seis meses em 2017. 

“Foi uma experiência importante porque conseguimos profissionalizar nosso negócio. Éramos um grupo de fundo de quintal, a partir da hospedagem no poa.hub, nos organizamos, saímos do espaço, crescemos e expandimos nossa operação”, lembrou Lorenço Boettcher, um dos sócios da startup, junto com Fábio Innocente Alves. 

A Loop é diferente das outras empresas que disponibilizam bicicletas, como explica. Ao invés de fazer as próprias estações, de onde os usuários retiram e para onde devolvem as bikes, a Loop utilizará as estruturas já existentes em estabelecimentos da cidade. Por isso, as Loopoints são chamadas de "estações virtuais". Atualmente, são 60 bikes, eram 12 no início da operação, localizados em 30 pontos da Capital. Em Gramado, para onde o negócio expandiu, são mais 20 bikes, em cinco pontos distintos da cidade. “Conseguimos fazer um negócio sustentável que já atingiu o objetivo de ser uma atividade lucrativa e com crescimento acelerado, gerando emprego e renda”, destacou. 

Atualmente, são sete pessoas que integram o negócio, cujo faturamento está entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês. As projeções são de chegar a um faturamento entre R$ 40 mil e R$ 70 mil até o final de 2019. Os sócios pensam grande diante da evolução do negócio. A meta é ser o maior serviço de compartilhamento de bikes da cidade. 

Inspiração para além das fronteiras - O trabalho do poa.hub tem despertado o interesse de municípios como São Paulo, por exemplo, que deseja conhecer em detalhes a iniciativa da Prefeitura de Porto Alegre, a primeira a criar um ambiente público de coworking para startups, um espaço de criatividade e um laboratório de testes para estudos de viabilidade técnica, além de salas para trabalho, eventos e networking. Para Bergozza, unidades como o poa.hub são importantes para o desenvolvimento da autonomia criativa, acelerando a criatividade para explorar problemas complexos  das empresas. 

Espaço para empreender - Flavio Costa da Silva, da startup Agenciou, diz que o poa.hub é extremamente positivo para ajudar o empreendedor. Há mais de um ano quatro sócios e cinco colaboradores trabalham no poa.hub para desenvolver um processo de agendamento imobiliário, que tem por objetivo final agilizar as vendas dos imóveis. A ideia é que a plataforma amplie o alcance da venda e agilize a concretização do negócio. “Com pouco mais de 200 proprietários nesta fase inicial, temos provas que nosso produto está validado”, disse. A plataforma está conectada com até 65 imobiliárias de Porto Alegre – uma delas participa de uma rede com outras 35 empresas do setor. A Agenciou já iniciou a expansão das atividades para São Paulo. 

Como fazer parte do poa.hub - Para ingressar no poa.hub, é preciso apresentar seus projetos de negócios, e se selecionados usufruem gratuitamente do espaço de coworking e das demais instalações. São requisitos para a seleção ser uma startup: ter um plano (mesmo que inicial) de negócio com viés tecnológico, que seu produto/serviço/processo seja replicável e que tenha alto potencial de crescimento . Além disso, deve permanentemente testar o seu modelo de negócio (mesmo com pouco ou nenhum faturamento); e querer ajudar o ecossistema de inovação e empreendedorismo da cidade. Os empreendedores têm disponível no espaço internet banda larga, espaço para reuniões e pequenos eventos e networking propício a troca de ideias e conhecimentos. 

Porto Alegre está introduzindo uma concepção inovadora estimulando a instalação de habitats de inovação como o poa.hub. Por meio de parcerias com a iniciativa privada o poa.hub está aproximando diversos empreendimentos congêneres distribuídos na malha urbana da cidade e os integrando em prol da inovação. Está constituindo a rede poa.hub, o embrião do Sistema de Inovação e Empreendedorismo de Porto Alegre. A expectativa é que pelo menos outros 15 ambientes de inovação privados estejam operando sob a bandeira do poa.hub nos próximos dois anos.

O principal objetivo da rede é emular e estimular o ecossistema de inovação e empreendedorismo, criando como consequência novos empreendimentos e negócios, empregos e soluções inovadoras para as necessidades de Porto Alegre.

ARTE PROCEMPA/PMPA
PROCEMPA

 

 

 

Monica Bidese e Eliane Iensen

Fabiana Kloeckner