Atendimento a alunos com superdotação é destaque na Capital

09/08/2019 18:56
Adriano Amaral/SMED PMPA
EDUCAÇÃO
Lucas, Rafael e Leanderson compartilham projetos na escola Jean Piaget

Neste sábado, 10 de agosto, celebra-se o Dia Internacional da Superdotação, e a Secretaria Municipal de Educação saúda os estudantes que apresentam altas habilidades, assim como o trabalho desenvolvido junto a essas crianças e jovens. Atualmente, a rede pública municipal de ensino tem 21 alunos do Ensino Fundamental já avaliados e cadastrados como superdotados, além de outros 36 com indicação para serem examinados. No total, na última década, mais de cem jovens das escolas públicas do município receberam atendimento especializado para superdotação.

“Essa é uma área da educação especial que ainda precisa ganhar mais visibilidade para que dissipe alguns mitos e esses alunos possam ter seus potenciais preservados e desenvolvidos, até mesmo em nível emocional”, afirma a coordenadora de Educação Especial e diretora pedagógica adjunta da Smed, Claudia Amaral. “Em geral, as pessoas com altas habilidades apresentam uma forma muito peculiar de comportamento, com características próprias na sua interação com o mundo. Outro mito é a expectativa de que eles se destacam em tudo o que fazem”, completa.

Segundo a literatura especializada, um indivíduo com altas habilidades é aquele em que é observada capacidade acima da média em alguma área da inteligência, destacando-se também pela sua originalidade na resolução de problemas ou situações e pelo grau de interação com o que produz. A avaliação pode levar até mais de um ano e analisa a frequencia e constância de determinada habilidade, da criatividade e do envolvimento com a tarefa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que no mínimo 5% a 8% da população escolar no Brasil apresenta superdotação, porém a identificação e preparação desses estudantes ainda não está plenamente difundida.

Na rede municipal, o trabalho se iniciou há uma década. A avaliação e o atendimento a esses alunos ocorre nas Salas de Inclusão e Recursos (SIRs) para Altas Habilidades instaladas em duas escolas municipais de Ensino Fundamental: Jean Piaget, no bairro Rubem Berta, que funciona como polo e assiste alunos e professores das escolas municipais da região Norte; e Emílio Meyer, no bairro Medianeira, polo para os estudantes e escolas das regiões Sul, Leste e Oeste. As professoras especialistas das salas, Aline Russo e Carolina Monteiro, respectivamente, recebem os alunos para atividades dirigidas no turno inverso, na modalidade suplementar. A SIR Altas Habilidades da Emílio Meyer foi a pioneira na rede municipal e completa dez anos de atuação em 2019, tendo sido ampliada em 2014.

A rede utiliza os parâmetros nacionais e internacionais para as avaliações e atende alunos que apresentam superdotação em todas as áreas de inteligência, seguindo a teoria do psicólogo Howard Gardner, da Universidade de Harvard: lógico-matemática; corporal-cinestésica; musical; lingüística; naturalista; interpessoal e intrapessoal. O atendimento ao aluno com superdotação está previsto na legislação brasileira, com amparo na Política Nacional de Educação Especial do MEC e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

A professora Aline alerta para o fato de que não se pode confundir o aluno com altas habilidades com gênios. “Em princípio, as crianças com superdotação não são gênios e esse estigma pode até ser prejudicial. O ideal é considerá-los como indivíduos com facilidades e talentos específicos e esse potencial, se bem desenvolvido, pode trazer sim benefícios a toda sociedade. Por isso é importante incentivar essas crianças com atenção e cuidado”, conclui.

Supertalentos - Alunos do 9º na Jean Piaget e moradores da região do Rubem Berta, Leanderson Alves, Lucas Vilarinho, Rafael Rodrigues, todos com 14 anos, se destacam em diferentes áreas, mas também compartilham projetos. Leanderson, aos oito anos, pegou um acordeon e saiu tocando, sem nunca ter estudado música. Hoje, canta, toca também violão e ukulele e quer aprender o baixo. A mãe, Sônia Alves, que tem uma fabricação caseira de produtos de limpeza, conta que, orientada pela escola, sempre evitou o excesso de cobrança nas realizações do filho.

Lucas, por exemplo, praticamente nasceu para a matemática, pois se apropria do conteúdo da disciplina com muita rapidez desde os anos iniciais. “Não sei explicar, só sei que tenho muita facilidade e gosto dos problemas, bem diferente de português, onde tenho mais dificuldades”, brinca o jovem, participante ativo do projeto de construção do aplicativo Rede Real, destinado a propor desafios entre estudantes dentro da escola em tempo real.

Já Rafael caminha com desenvoltura na área científica, influenciado também pela família, que tem especial interesse em química e física. No 4º ano, surpreendeu ao pedir para aprender código binário (sistema utilizado na informática) e seu próximo projeto é confeccionar um tradutor que converta letras em código binário. Já fez um protótipo de guindaste hidráulico e, nos últimos dias, trabalhou em uma experiência de eletrólise, produzindo gás inflamável a partir de água e sal. Seu foco, porém, está na astronomia, área em que a SIR da escola fechou parceria com o Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS para suporte aos alunos.   

Características a serem observadas nos superdotados:

- criatividade e originalidade

- aptidão acadêmica específica

- concentração

- compreensão e memória elevadas

- fluência e flexibilidade

- produtor e consumidor de conhecimento

- ênfase no pensamento divergente

- vocabulário avançado em relação à idade

- imaginação

- formas diferentes de solucionar problemas

  

 

Cristina Lac

Gilmar Martins