Ações qualificam acesso a tratamento da tuberculose na Capital
Dados preliminares da equipe do telemonitoramento da tuberculose do município apontam que, entre 1.620 pacientes monitorados, 73,2% obtiveram a cura e 12,9% abandonaram o tratamento. O período avaliado foi de agosto de 2018 até o último dia 16, considerando os casos novos. A tuberculose é a doença infecciosa com maior mortalidade no mundo, sendo um grave problema de saúde pública. No Brasil, Porto Alegre é a quarta capital com o maior coeficiente de incidência da doença (81,7/100 mil habitantes). Em 2018, foram 1.373 novos casos.
O Plano Municipal de Enfrentamento da Tuberculose foi elaborado por técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para melhorar esse cenário. Entre as principais estratégias para combater a doença estão o telemonitoramento e a transição de cuidado, ambas iniciadas em agosto do ano passado. "As ações incluem formas de acesso eletrônico por e-mail, telefone e WhatsApp, como referência para médicos e demais profissionais da rede municipal de saúde que atenderem pacientes com suspeita ou diagnóstico de tuberculose", informa a assessora técnica da Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids, Hepatites Virais e Tuberculose da SMS, Eveline Rodrigues.
Também serão utilizados na transição de cuidado e encaminhamento à instituição de referência, no sentido de dar continuidade ao tratamento. O telemonitoramento prevê contato direto com pacientes em tratamento e com as unidades de saúde. Além disso, há monitoramento integrado de todos os sistemas informatizados que contêm dados das pessoas com suspeita ou diagnóstico de tuberculose.
Saúde mental – Pessoas atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) têm acesso a exames para identificar a presença de infecções sexualmente transmissíveis e tuberculose. A iniciativa faz parte das ações do Plano Municipal de Enfrentamento da Tuberculose, que capacitou profissionais para a realização de exames e atendimento.
O perfil epidemiológico da doença mostra que ela atinge predominantemente pessoas com baixa escolaridade, em sua maioria homens negros em idade produtiva. Entre os públicos de maior vulnerabilidade estão população em situação de rua, portadores de HIV/Aids, indígenas, pessoas privadas de liberdade e profissionais da Saúde.
Situação de rua – Conforme o Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde (2018), a incidência da doença nas pessoas em situação de rua é 56 vezes maior que a população em geral. Em função disso, a equipe da Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids, Hepatites Virais e Tuberculose da SMS têm oferecido mensalmente, junto com a ONG Prato Feito nas Ruas, exames para diagnóstico das doenças, sendo que as pessoas com diagnóstico positivo são devidamente vinculadas ao tratamento.
Outras ações incluem melhora no diagnóstico a partir de iniciativas como: capacitar a rede para o exame de baciloscopia nas unidades de saúde; facilitar o acesso ao tratamento - hoje, o paciente pode retirar o medicamento onde achar mais conveniente e não necessariamente em sua unidade de referência; e capacitar médicos da rede que são referência para a discussão de casos e implantação da vacina BCG nas maternidades.
Tuberculose – Na lista das cinco capitais com maiores incidências da doença estão Manaus (104,7 casos por 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (88,5 casos), Recife (85,5 casos) e Belém (64,9 casos), além de Porto Alegre, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O Rio Grande do Sul é o Estado com maior quantidade de retratamentos da doença.
Uma das principais dificuldades no combate é o abandono do tratamento, com uma taxa de 24% dos casos na Capital. Normalmente, o processo dura seis meses, mas pode se estender a um ano ou mais, conforme a multirresistência que o bacilo adquire após a interrupção. Alimentação desregrada e exposição a intempéries do clima e ambientes insalubres facilitam o contágio, por isso, a SMS tem trabalhado para ampliar, capacitar e intensificar o atendimento aos pacientes, sendo que as unidades de saúde oferecem tanto teste quanto tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Causada por uma bactéria (Bacilo de Koch) que ataca principalmente os pulmões – mas pode ocorrer em outras partes do corpo –, a doença é transmitida pelo ar. Tosse por mais de duas semanas, associada a um ou mais sintomas – transpiração excessiva à noite, cansaço, falta de apetite, emagrecimento e febre – pode configurar a doença. Nesse caso, a orientação é procurar a unidade de saúde para fazer o exame e, em caso positivo, iniciar o tratamento imediatamente.
O principal exame é a baciloscopia, possibilitando a análise direta da secreção excretada pelos pulmões. O tratamento consiste em medicação de uso regular, todos os dias, no mesmo horário, durante seis meses, no mínimo. Em caso de interrupção antes do previsto, a pessoa pode ter recidiva e desenvolver uma tuberculose resistente aos medicamentos do esquema básico. A tuberculose tem cura, desde que o tratamento tenha continuidade até o final.
Taís Dimer Dihl