Porto Alegre apresenta protocolo de cuidado para pessoas com doença falciforme
O protocolo clÃnico com fluxo de atendimento para pessoas com doença falciforme foi apresentado na tarde desta quarta-feira, 16, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A ideia é apoiar a rede de atenção à saúde de Porto Alegre, indicando o papel de cada serviço e estimulando a integração entre eles para promover uma linha de cuidado contÃnua e efetiva. O evento reuniu 180 pessoas, entre gestores e profissionais da área, na sala Jacarandá do Centro Cultural da Ufrgs.
Na abertura da programação, o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, destacou a importância de identificar precocemente a doença para definir o itinerário do paciente na rede de atendimento. “Por meio do conhecimento, evoluÃmos no cuidado, então, é importante que a gente fortaleça essa integração para qualificarmos a assistência, olhando o paciente de forma integral e garantindo o acesso à saúdeâ€, afirma.
A coordenadora da área técnica para Saúde das Pessoas com Doença Falciforme da Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro, Márcia Alves, participou do evento como painelista. “É preciso celebrar essa conquista de Porto Alegre, pois, a partir da linha de cuidado, conseguimos prever todo o itinerário terapêutico que se inicia no diagnóstico e viabiliza um percurso qualificado para atenção na saúdeâ€, avalia.
Segundo ela, o protagonismo da capital gaúcha corrobora com o movimento global, já que a doença falciforme compõe o grupo de doenças crônicas não-transmissÃveis de interesse mundial. “É um problema de saúde pública no Brasil e no mundo que tem impactos significativos não só na qualidade, mas na expectativa de vida, com uma antecipação de aproximadamente três décadas de vidaâ€, explica Márcia.
Também participou do painel a representante da coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde e coordenadora da área técnica da Doença Falciforme, Miranete Arruda. “Evoluir na linha de cuidado é muito importante para a PolÃtica Nacional de Saúde da População Negra, tanto no que se refere a conteúdos técnicos quanto no fortalecimento e realinhamento do cuidadoâ€, diz.
Também integraram a mesa de abertura a diretora de Atenção Primária da SMS, Vânia Frantz; a representante da Secretaria de Atenção Primária à Saúde e da Coordenação Nacional de Atenção à Saúde da População Negra do Ministério da Saúde, Elaine Oliveira Soares; a coordenadora da seção de hemoglobinopatias do Hemocentro do Rio Grande do Sul e do Departamento Estadual de Sangue e Hemoderivados, Giovanna Diaz; a coordenadora de PolÃticas Públicas de Saúde da área técnica de Saúde da População Negra, Gisele Martins Gomes; e a coordenadora da Comissão de Saúde da População Negra do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, Maria LetÃcia Garcia.
Entenda a doença falciforme – é uma condição genética hereditária que teve origem no continente africano e afeta os glóbulos vermelhos, resultando em células de formato anormal, semelhante a uma foice. Isso pode levar a complicações de saúde significativas e afetar a qualidade de vida dos indivÃduos afetados.
A coordenadora de PolÃticas Públicas da SMS e da área técnica de Saúde da População Negra, Gisele Martins Gomes, destaca a estimativa do IBGE (2021) mostrando que 56% da população brasileira é negra, entre pessoas pretas e pardas, o que indica uma grande presença de traços de descendência dos povos africanos e explica o fato de a doença falciforme ser uma das condições de adoecimento hereditárias mais comuns no paÃs e, por isso, incluÃda entre as ações prioritárias da PolÃtica Nacional de Saúde Integral da População Negra.
O diagnóstico precoce garante a aplicação de ações preventivas e profiláticas, impactando na redução da morbimortalidade. Pode ser feito no teste do pezinho, com a coleta de uma gota de sangue do calcanhar do bebê entre o terceiro e o quinto dia de vida, ou pelo exame de eletroforese, a partir do quarto mês de vida.
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Cristiano Vieira