Seminário de saúde debate especificidades dos povos indígenas

01/11/2018 18:35
Luciano Lanes / PMPA
SAÚDE
Participaram do encontro profissionais de saúde, estudantes e lideranças indígenas

A adoção de um olhar diferenciado nos fluxos e no atendimento a usuários indígenas em Porto Alegre, com respeito às especificidades culturais, foi a temática central do Seminário Povos Indígenas e Saúde: um corpo são. Realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nesta quinta-feira, 1º, o evento reuniu cerca de 120 pessoas no teatro da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (rua Sarmento Leite, 245). 

Pela manhã, a discussão tratou do tema mulheres indígenas e o bem-viver, trazendo a dimensão do feminino no cuidado em saúde, com a participação de indígenas Kaingang e Charrua. Conforme a assessora técnica da área de Saúde dos Povos Indígenas da SMS, Rosa Rosado, as mulheres têm o protagonismo do cuidado na comunidade. “Na questão indígena, a escuta atenta e tecnicamente qualificada é fundamental para a equidade no atendimento, que exige uma atenção diferenciada”, afirma Rosa. 

As especificidades culturais desta população são importantes na questão do cuidado, incluindo o entendimento de que a medicina tradicional indígena considera doença e saúde como parte de um sistema cosmológico no qual diversos fatores interagem no processo de cura. “O seminário possibilita que os profissionais tenham um momento de escuta para qualificar o atendimento”, conta Rosa, acrescentando que o usuário indígena tem características peculiares do ponto de vista das singularidades culturais. A mediação ficou a cargo da dentista Jéssica Vaz, primeira indígena Kaingang formada em odontologia no Brasil. 

Debate intercultural - Após exposição de arte indígena, no intervalo, o debate foi retomado à tarde, com o panorama da Política Pública de Saúde Indígena em Porto Alegre. A programação incluiu a atuação intercultural, com debate dos profissionais que atuam na saúde indígena para a troca de experiências, e finalizou com a exibição do documentário Um corpo são, produzido pelo NIT/Ufrgs. Participaram do evento profissionais de saúde que atuam junto às comunidades indígenas, estudantes, acadêmicos da área e lideranças indígenas. 

Integraram a mesa de abertura do evento a representante do Ministério da Saúde, base Porto Alegre, da Secretaria Especial de Saúde Indígena, Leda Sales, o coordenador da Atenção Primária à Saúde da SMS, Thiago Frank, o coordenador dos Povos Indígenas e Direitos Específicos da Secretaria do Desenvolvimento Social, Guilherme Fuhr, a coordenadora da Saúde dos Povos Indígenas da Secretaria Estadual da Saúde, Jéssica Rosa, a pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da UFCSPA, Débora Fernandes Coelho, a representante do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, Rosa Helena Cavalheiro Mendes, e o agende de saúde indígena da aldeia Van Ka, Eli Fidélis.

Equipe - Porto Alegre é o único município do Estado que possui uma equipe de saúde voltada especialmente a esse público. A equipe multidisciplinar atende cinco aldeias e conta atualmente com médica, enfermeira, uma técnica de enfermagem, dentista, auxiliar de saúde bucal e um agente indígena de saúde do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf). Além disso, há mais uma técnica de enfermagem, dois agentes indígenas de saúde e dois agentes indígenas de saneamento vinculados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde. 

O seminário teve a parceria da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Coordenadoria Municipal de Povos Indígenas e Direitos Específicos (CMPIDE), Secretaria Estadual da Saúde (SES) e Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS).

Denise Righi