Em ação inédita, migrantes criam cooperativa habitacional em Porto Alegre
A primeira cooperativa habitacional formada por migrantes latino-americanos foi fundada em Porto Alegre. A oficialização ocorreu na última semana, com o registro do CNPJ. Nesta terça-feira, 20, lideranças da Cooperativa Habitacional Migrantes do Sul (Cohmisul) foram recebidas pelos secretários municipais de Habitação e Regularização Fundiária, André Machado, e de Desenvolvimento Social, Léo Voigt.
A cooperativa passa a ter oficialmente suas demandas de habitação tramitando internamente na Prefeitura de Porto Alegre. Os primeiros movimentos para a organização cooperativista dos migrantes ocorreram ainda em 2015. A partir daí, a Equipe de Cooperativismo e Programas Auto Gestionários (Ecoopag) do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) começou a auxiliar os moradores.
“O trabalho é facilitado quando há essa organização por cooperativa. De parte da prefeitura, vamos trabalhar para reduzir ao máximo o período de concretização dos sonhos dessas pessoas. Temos agora a cooperativa registrada. Precisamos acelerar os processos que irão se traduzir em habitação de fato”, destacou o secretário André Machado.
Para o secretário Léo Voigt, a iniciativa projeta um cenário positivo para a luta das famílias. “Num momento de desesperança, vocês respondem com organização. Somos incapazes de estimar os frutos que poderão surgir deste trabalho conjunto”, comentou.
A organização em cooperativa por pessoas que lutam por moradia facilita os processos tanto de busca por unidades habitacionais como de regularização fundiária. Segundo o presidente da Cohmisul, Henry Pérez, ter onde morar é a principal demanda daqueles que precisam emigrar. “Hoje, com a cooperativa, temos uma realidade materializada”, comemorou. Atualmente, a cooperativa congrega migrantes da Venezuela, Peru, Cuba, Equador e Bolívia.
A Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária está formatando, internamente, uma proposta que poderá permitir que cooperativas como a dos migrantes adquiram terrenos do município para a construção de moradias populares. O projeto ainda será discutido no âmbito da prefeitura e, depois, encaminhado para a Câmara de Vereadores.
Também participaram da reunião a secretária adjunta de Habitação e Regularização Fundiária, Simone Somensi, o coordenador da Unidade dos Povos Indígenas Imigrantes Refugiados e Direitos Difusos da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mario Fuentes Barba, o vice-presidente da Cohmisul, Héctor López, a representante do Escritório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas no RS, Veruska Chinchilia, o chefe da Ecoopag/Demhab, Ademir Maria, e a assessora da Smharf, Marisa Silva.
Elisandra Borba