Cenário da sífilis é analisado em seminário na Capital

23/10/2025 17:03
Cristine Rochol/PMPA
SMS
Dados mostram melhora na taxa de detecção da doença em gestantes e na taxa de incidência de sífilis congênita

Apresentação de dados epidemiológicos da sífilis e troca de experiências entre municípios foram enfoque de seminário nesta quinta-feira, 23, no Plenário Ana Terra da Câmara Municipal de Porto Alegre. Promovido das 8h30 às 17h pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o encontro reuniu cerca de 120 profissionais da atenção primária e de serviços especializados.

As temáticas da manhã trataram da análise epidemiológica da sífilis nas Américas, no Brasil, no estado e na capital gaúcha. Conforme a consultora nacional de HIV e Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) da Organização Pan-Americana da Saúde, Aranaí Guarabyra, é importante unir forças para mobilizar o compromisso de diferentes setores da sociedade – governos, profissionais, comunidades e academia – para falar de sífilis e de sífilis congênita. 

A consultora técnica da coordenação-geral de Vigilância das ISTs do Ministério da Saúde, Leonor Henriette de Lannoy, vai no mesmo caminho. “É um esforço conjunto, precisamos mobilizar a população, os profissionais, dar visibilidade ao problema para poder realmente, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas em idade reprodutiva, evitar a transmissão vertical, que hoje em dia ocasiona quase 2,5 mil casos de aborto, natimorto e óbitos no Brasil”, afirmou.

Detecção - Os dados mostram melhora na taxa de detecção de sífilis em gestantes e na taxa de incidência de sífilis congênita, quando a infecção é transmitida da gestante para o bebê. A presidente do Comitê de Prevenção da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis de Porto Alegre e chefe do Núcleo de Vigilância das Doenças Transmissíveis Crônicas, Bianca Ledur, explicou que, nos últimos dois anos, o município teve uma queda no ranking nacional. “Durante anos, ocupávamos o primeiro ou segundo lugares entre as capitais, tanto na sífilis congênita quanto em gestantes, mas no ano passado ficamos em 6º lugar entre as capitais brasileiras e, agora, estamos em 7º lugar na congênita e em 10º na sífilis em gestantes. Isso é sinônimo de conquista, uma vitória conjunta de toda a rede de saúde”, avaliou Bianca.

A coordenadora de Atenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids, Tuberculose e Hepatites Virais (Caist) da SMS, Daila Raenck, acrescentou que a principal ação de Porto Alegre tem sido fortalecer a atenção primária, a partir do diagnóstico com aplicação de testes rápidos, que estão disponíveis para toda a população nas unidades de saúde. No caso da sífilis, o tratamento é simples, feito com três doses de penicilina. “O tratamento é imediato para a pessoa infectada e também a parceria, evitando a reinfecção.” 

Troca de experiências - Ao longo do seminário, foram apresentadas as experiências das cidades de Santa Cruz do Sul e de Curitiba (Paraná), além do Estado do Rio Grande do Sul. O fechamento tratou das ações e projetos desenvolvidos pela Caist e de experiências bem-sucedidas nas unidades de saúde. 

Participaram abertura do evento o secretário municipal de saúde, Fernando Ritter, o coordenador estadual da Seção de Doenças de Condições Crônicas Transmissíveis da Secretaria Estadual da Saúde, Jonatan Pereira da Silva e a diretora-adjunta de Atenção Primária da SMS, Caroline Ceolin.

A melhor forma de prevenir a sífilis e a sífilis congênita é usar preservativo em todas as relações sexuais, além de realizar teste periodicamente e quando perceber sintomas suspeitos. Gestantes têm indicação de realizar os testes de ISTs, que são rotina de pré-natal no município.

Dados da sífilis na Capital - Porto Alegre é a 23ª capital com maior taxa de detecção de sífilis adquirida, com 96,9 casos por 100 mil habitantes. Este também é reflexo de uma rede que testa amplamente e busca ativamente os casos para garantir diagnóstico e tratamento precoces. 

A taxa do Rio Grande do Sul chega a 160,7 casos, e a do Brasil, a 120,8 casos por 100 mil habitantes. No caso da sífilis gestacional, Porto Alegre é a 10ª capital com maior taxa de detecção, com 50,3 casos por mil nascidos vivos. A taxa do Rio Grande do Sul é de 40,9 casos, e a do Brasil é de 35,4 casos por mil nascidos vivos.

Em relação à sífilis congênita, Porto Alegre é a sétima capital com maior taxa de incidência, registrando 17,8 casos por mil nascidos vivos. O Rio Grande do Sul tem 12,7 casos, e o Brasil, 9,6 casos por mil nascidos vivos.    

Os dados, que foram apresentados pela Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS), estão publicados no último Boletim Epidemiológico de Sífilis do Ministério da Saúde e são referentes a 2024.

 

Vanessa Conte

Gilmar Martins