Vacina BCG começa a ser administrada em maternidades do SUS
Para proteger as crianças contra as formas graves de tuberculose, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está expandindo para as maternidades de hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a administração da vacina BCG. O hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV) está imunizando os recém-nascidos desde o fim de julho, e o Conceição, desde o mês de junho.
A implantação da BCG nas maternidades é uma das ações previstas no Plano de Enfrentamento à Tuberculose, lançado em fevereiro pela SMS. A vacina é indicada em dose única, como rotina a partir do nascimento – administrada preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido -, podendo ser feita até os 5 anos incompletos. Bebês prematuros somente devem receber a vacina após atingirem 2 quilos de peso.
Com a iniciativa, a SMS pretende facilitar o acesso à vacina para as famílias de bebês recém-nascidos e garantir a cobertura vacinal. Hoje, 38 unidades de saúde são referência para a administração da vacina. “Com a administração em ambiente hospitalar, o bebê já vai para casa protegido”, enfatiza a chefe do Núcleo de Imunizações da SMS, Renata Capponi. A cobertura vacinal da BCG em Porto Alegre ficou em 95,9% em 2017 (18.316 doses) e 88,2% em 2018 (16.373 doses). Até 31 de julho de 2019, foram aplicadas 8.936 doses em menores de um ano, cobertura vacinal de 48,5%.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, nos países onde a tuberculose é frequente e a vacina integra o calendário regular de imunização, sejam prevenidos cerca de 40 mil casos anuais de meningite tuberculosa. “Impacto como esse depende de alta cobertura vacinal, razão pela qual é tão importante que toda a criança receba a vacina BCG”, ressalta o médico Juarez Cunha, da Vigilância em Saúde da SMS.
Sobre a BCG – A vacinação não requer qualquer cuidado prévio. A administração, na maioria das vezes, provoca uma reação no local da aplicação, com posterior formação de cicatriz característica, com até um centímetro de diâmetro. Cunha explica que a reação é esperada e que, em fevereiro de 2019, o Ministério da Saúde deixou de recomendar a revacinação de crianças que não desenvolveram a cicatriz no local da administração da vacina.
De acordo com informação da Sociedade Brasileira de Imunizações, ainda que a BCG não ofereça 100% de eficácia para prevenção da tuberculose pulmonar, sua aplicação em massa permite a prevenção de formas graves da doença, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (forma disseminada). A vacina é composta pelo bacilo de Calmette-Guérin (origem do nome BCG), obtido pela atenuação (enfraquecimento) de uma das bactérias que causam a tuberculose. Completam a composição do imunobiológico o glutamato de sódio e a solução fisiológica (soro a 0,9%).
Tuberculose – É a doença infecciosa com maior mortalidade no mundo, sendo um grave problema de saúde pública. No Brasil, Porto Alegre é a quarta capital brasileira com o maior coeficiente de incidência da doença (81,7/100 mil habitantes). Em 2018, foram 1.373 novos casos, com taxa de cura de 56% e taxa de abandono de 24%.
Na lista das cinco capitais com maiores incidências da doença estão Manaus (104,7 casos por 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (88,5 casos), Recife (85,5 casos) e Belém (64,9 casos), além de Porto Alegre, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O Rio Grande do Sul é o Estado com maior quantidade de retratamentos da doença.
Causada por uma bactéria (Bacilo de Koch) que ataca principalmente os pulmões – mas pode ocorrer em outras partes do corpo –, a doença é transmitida pelo ar. Tosse por mais de duas semanas, associada a um ou mais sintomas – transpiração excessiva à noite, cansaço, falta de apetite, emagrecimento e febre – pode configurar a doença. Nesse caso, a orientação é procurar a unidade de saúde para fazer o exame e, em caso positivo, iniciar o tratamento imediatamente.
O perfil epidemiológico da doença mostra que ela atinge predominantemente pessoas com baixa escolaridade, em sua maioria homens em idade produtiva. Entre os públicos de maior vulnerabilidade estão população em situação de rua, pessoas vivendo com HIV, indígenas, população prisional e egressos e dependentes químicos.
Elisandra Borba