Seis mil alunos têm prova inédita de diagnóstico da aprendizagem
Pela primeira vez em sua história, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) realiza um diagnóstico próprio da aprendizagem na rede municipal de ensino. A primeira prova, de duas que serão realizas este ano, aconteceu em 48 escolas da rede estatal nesta quarta-feira, 8, alcançando cerca de 6 mil alunos de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, e na Escola Comunitária de Educação de Básica Pequena Casa da Criança, da rede pública não estatal do município. A segunda está prevista para novembro.
As mudanças na educação de Porto Alegre começaram com a nova rotina escolar em 2017, que aumentou tempo do aluno com professor em sala de aula em 30%; aumento de 137% em média no repasse trimestral das ecolas municipais da rede estatal e curso de gestão escolar para 56 diretores de escolas. Foram nomeados novos professores e funcionários, além de readequação do quadro funcional das escolas. A prefeitura também investiu na rede pública não estatal, com a criação da rede comunitária de ensino.
O alvo da avaliação diagnóstica da Smed é verificar os níveis de conhecimento em Língua Portuguesa e Matemática, sobretudo em relação à competência leitora e à resolução de problemas. Para o 5º ano, foram 15 questões objetivas de cada disciplina, e para o 9º, vinte com preenchimento do cartão-resposta. Para os alunos de inclusão, as provas foram adaptadas.
O teste ainda foi acompanhado de um questionário sobre o contexto socioeconômico do estudante. A fim de detectar eventuais elementos externos que possam influenciar na aprendizagem, professores e diretores também participaram do diagnóstico respondendo perguntas sobre a escola, perfil profissional e as condições de trabalho.
A previsão é de que o resultado seja disponibilizado no fim do mês. “O objetivo não é ter um resultado determinado, seja ele bom ou ruim, mas conhecer o estágio de aprendizagem de cada aluno, para pensarmos o que pode ser feito para melhorar”, explica o secretário Adriano Naves de Brito.
Para garantir a imparcialidade na execução da avaliação, a Smed contratou por meio de licitação uma empresa especializada para a aplicação da prova. A organização das questões, realizada pela diretoria pedagógica, teve a contribuição de um grupo de 12 professores da rede municipal que são especialistas nas duas áreas.
Maior Ideb – Na tarde desta quarta-feira, o prefeito em exercício, Gustavo Paim, visitou a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professora Ana Íris do Amaral, no bairro Protásio Alves, que realizava a prova. “Educação não é como uma corrida de cem metros rasos. O importante é trabalhar para deixarmos um legado”, comenta Paim.
A instituição, que foi a única da rede municipal a superar a meta do Índice Nacional da Educação Básica (Ideb), participou da avaliação realizada pela Smed. Paim questionou a vice-diretora Rosane Pizio Carneiro sobre o segredo do sucesso, que respondeu: “não é tão difícil, basta que cada um faça o seu trabalho”. Já o diretor da escola, Getúlio Fagundes, considera a prova uma oportunidade. “A gente sempre tem o que melhorar, e a avaliação nos permitirá saber como estamos e onde podemos aprimorar”, comenta.
Adesão – Na Emef Dolores Alcaraz Caldas, na Restinga, uma das maiores da rede municipal, com 1.375 estudantes, a avaliação transcorreu de forma tranquila e com salas de aula cheias: a prova foi aplicada para cinco turmas de 5º ano e três de 9º ano, abrangendo cerca de 250 alunos. De acordo com a diretora, Ângela Tricot, a escola tem alto interesse no diagnóstico da aprendizagem. “Para a Smed, vai servir para um olhar global sobre a rede. Para nós, é um instrumento que nos trará um panorama mais preciso para a definição de novas estratégias ou mesmo para melhor identificar os planos didáticos que estão funcionando bem”, diz.
A diretora destaca ainda que a Emef Dolores tem tradição em estimular os estudantes a realizarem provas desse tipo, com ampla participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do Ministério da Educação, e no encaminhamento de alunos para o Ensino Médio integrado a cursos técnicos do campus Restinga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, que exige prova no processo seletivo de ingresso.
A última participação no Saeb foi em 2015, quando a escola obteve Ideb de 4,2 nos anos iniciais e 3,2 nos anos finais. A meta nacional é média 6 até 2021. “Sabemos que precisamos evoluir e vamos em frente”, diz a supervisora escolar, Carla Bandeira.
Gilmar Martins