Com o nome de Conectando ecossistemas e criando comunidades ao redor do globo, a conversa reuniu três especialistas no assunto: Rodrigo Selbach, guild master da Campus Party Brasil; Tracy Mann, embaixadora do SXSW; e Franklin Costa, designer de experiências e sócio da iniciava øclb (lê-se O Clube), especializada em consultoria na área de inovação e brand experience. O debate foi mediado por Roberto Ribas, CSO da agência Brivia.
Para Costa, os eventos hoje podem ser comparados aos cafés de Viena, na época do Iluminismo, e de Londres na período da revolução industrial, pois atendem a demandas não contempladas com a educação tradicional e possibilitam a conexão necessária para o desenvolvimento de projetos e a estruturação de redes de colaboração. No entanto, ele frisou que uma reunião - dessas tipicamente realizadas em encontros como o South Summit - não representa, necessariamente, uma conexão. “O segredo está em conectar os pontos, mergulhar em vários assuntos diferentes, ser curioso e conversar sobre o que você escutou com o maior número de pessoas possível. São esses momentos que estreitam os laços e são essas as trocas que realmente importam. Para se consolidar uma comunidade é preciso ter uma razão, um porquê de manter esse contato”, disse.
Tracy lembrou que o SCSW começou como um evento local e se tornou uma vitrine para o mundo. “Um festival é um processo que vai crescendo de acordo com o tamanho do desejo das pessoas. Austin, nos anos 1980, era uma cidade que precisava de carinho e teve a sorte de contar com pessoas criativas, querendo trocar ideias e se conectar. Porto Alegre, de certa forma, lembra muito Austin naquela época. Há muita gente querendo que esse momento dê certo e trabalhando para isso”. Já Selbach destacou que o papel de um evento sobre inovação e tecnologia é o de sempre apresentar novidades. “É preciso estimular algo maior. Apresentar o mesmo conteúdo, repetidas vezes, não fomenta a criatividade”.
Experiência continuada - Para os participantes do painel, existem dois fatores determinantes para o sucesso de um festival: um tema que mobilize pessoas e a manutenção do debate em torno da experiência proporcionada pelo evento. “A maioria dos eventos deveria colocar no centro da ideia uma coisa que as pessoas se apaixonem. Quando a gente cria esse sentimento, ele começa a fazer parte de toda a comunidade”, afirmou Selbach, citando a mobilização de 8 mil pessoas no camping da Campus Party.
Costa também destacou que, no atual cenário, um evento tem o dever de manter as pessoas conectadas, oferencendo plataformas para continuar o networking. “A gente ficou dois anos isolados, mas os eventos continuaram. O futuro será de eventos presenciais e conexões mantidas no digital mantendo esse contato e unindo as comunidades”. Tracy concordou com a afirmação e acrescentou que o desafio está na continuidade do contato estabelecido. “Networking não é uma reunião é a manutenção do contato firmado”, completou.
Summit Brasil - Questionados sobre as possibilidades para o futuro do South Summit em Porto Alegre, Tracy Mann e Rodrigo Selbach destacaram o acerto na escolha do lugar para a realização do evento. "O local é demais. Isso é importante, sabe? Há evento que focam no ambiente corporativo, naquilo que serve para eles. Mas aqui você tem o brilho da cidade, o pôr-do-sol muito bonito. Isso faz a união com o fator local, o que é excelente", destacou Tracy. Porto-alegrense, Selbach salientou a ambientação difereciada existente no Cais Mauá. "Esse ar industrial também contribui muito para criar o clima do evento. Porto Alegre merecia um evento desses, acho que a população merecia uma oportunidade nova para se inspirar presencialmente.
Em termos de relevância para o ecossistema de inovação, Tracy também apontou algumas vantagens da capital gaúcha. "Falando com olhar de estrangeira, vejo Porto Alegre como um polo para a América Latina e o Mercosul por causa da sua localização geográfica, algo que outros outras cidades brasileiras não têm. Outros eventos no Brasil não trazem tantas pessoas da Argentina, do Chile, do Uruguai, do Paraguai. Isso pode ser muito interessante. Outro diferencial são os cases de agribusiness aliado à inovação. O mundo quer entender melhor como a inovação casa com esse setor, essa é uma pauta muito boa que o South Summit, aqui em Porto Alegre, sai liderando", assegurou.
Selbach acrescentou que pensar um evento é pensar na experiência que ele proporciona. "Isso aqui é uma oportunidade para pessoas, empresas e ecossistemas desenvolverem coisas, produtos e ideias para o futuro. Então, a gente tem que parar de pensar no South Summit enquanto um evento, mas quanto uma possibilidade para a região, para o Estado e para a cidade", finalizou.